O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que produtos não cultivados ou produzidos nos Estados Unidos, como o café, podem ser isentos das tarifas que o governo Trump pretende impor a partir de 1º de agosto. A declaração foi feita em entrevista à CNBC nesta terça-feira (29), em meio às negociações comerciais do governo americano com parceiros globais.

“Os Estados Unidos não produzem esses produtos. Então, poderiam entrar com tarifa zero”, disse Lutnick, ao citar especificamente itens como manga e café.

A fala ocorre no contexto da nova ofensiva tarifária liderada por Donald Trump, que determinou a aplicação de tarifas a dezenas de países — inclusive o Brasil — como parte de sua política de “comércio recíproco”. Os termos já foram enviados por carta a mais de duas dezenas de líderes internacionais. Em muitos casos, as alíquotas vão de 30% a 50%, com impacto potencial sobre uma ampla gama de produtos exportados ao mercado americano.

Embora não tenha mencionado diretamente o Brasil em sua fala sobre o café, a referência é relevante para o país, maior exportador mundial do produto e tradicional fornecedor do mercado americano. Caso se confirme a isenção para itens não produzidos nos EUA, produtos agrícolas tropicais exportados pelo Brasil podem ficar de fora das novas tarifas.

Lutnick também sinalizou que as negociações em curso buscam substituir tarifas provisórias por medidas duradouras. No caso da China, por exemplo, as conversas tratam da reversão de tarifas que chegaram a 125% de ambos os lados. Já com a União Europeia, o foco está na redução do superávit comercial com os Estados Unidos, que atualmente é de US$ 235 bilhões a favor dos europeus, segundo o secretário.

“Ou eles equilibram vendendo mais nossos produtos, ou por meio de tarifas”, afirmou.

No mesmo tom, Lutnick indicou que os EUA devem anunciar, nas próximas semanas, tarifas específicas para o setor farmacêutico europeu — provavelmente superiores à alíquota de 15% já aplicada a outros itens. Ele criticou diretamente o presidente francês Emmanuel Macron por não ter concordado com os termos propostos e sugeriu que fábricas farmacêuticas da França poderiam se instalar nos EUA para escapar da nova tributação.

As montadoras europeias também foram mencionadas. Lutnick disse que as tarifas sobre veículos foram reduzidas de 27% para 15%, mas reiterou o desejo do governo americano de atrair fábricas para o território dos EUA. “O presidente quer que elas se mudem para os Estados Unidos para evitar as tarifas”, declarou.

Por fim, ele reforçou que Trump está usando o poder da economia americana para redesenhar as regras do comércio global. “O presidente quer resolver agora”, disse.