Economia
Com mercado dividido entre corte de 0,25 e 0,5 pp, Copom anuncia Selic nesta 4ª
Mas, apesar de não haver um consenso, a maioria das expectativas é por uma redução maior dos juros.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar nesta quarta-feira (2) a primeira redução da taxa Selic desde 2020. O mercado, no entanto, está dividido entre a expectativa de uma redução de 0,25 ou 0,5 ponto percentual. Os juros básicos estão em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
Porém, apesar de não haver um consenso, a maioria das expectativas é por uma redução maior da Selic. Segundo dados da B3 sobre Opção de Copom desta terça-feira (1º), o mercado via 58,5% de chance de queda de 0,5 p.p, contra 38% de probabilidade de redução de 0,25 p.p.
A precificação na curva a termo também mostrava o mercado mais inclinado à possibilidade de um corte de 0,5 p.p, com 55% de chances, contra 45% de probabilidade de corte de 0,25 p.p.
Já o Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (31) pelo Banco Central, mostrou que a expectativa dos especialistas do mercado financeiro é de um corte de 0,25 p.p nesta reunião. Em pesquisa feita pela agência Reuters, a maioria dos economistas consultados também espera que o BC corte os juros básicos em 0,25 p.p.
Adriana Dupita, economista sênior para Brasil e Argentina na Bloomberg Economics, espera um corte de 0,5 p.p, e afirma que “as condições econômicas justificam um movimento menos contido”.
“Muitas das incertezas que pairavam sobre o cenário macro foram atenuadas: o CMN não apenas manteve a meta de longo prazo em 3% como a estendeu indefinidamente; o Senado aprovou o arcabouço fiscal e Câmara, a reforma dos impostos sobre consumo; a agência de rating Fitch reconheceu a melhora nas perspectivas fiscais melhorando a nota de crédito do governo brasileiro”, diz Dupita.
“Do lado da inflação, os dados de junho e a parcial de julho mostraram deflação no índice cheio e uma inflação subjacente muito bem comportada, e as expectativas de inflação caíram significativamente, ainda que sigam desancoradas”
Adriana Dupita, economista na Bloomberg Economics
O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, por sua vez, projeta um corte de 0,25 p.p, pois, para ele, “a perspectiva é de que o banco central mantenha uma postura mais cautelosa“. “Nas declarações, nos comunicados e nas atas, o Comitê sempre prezou pela serenidade e pelo cuidado“, aponta.
Sung acrescenta que “a batalha contra a inflação não está totalmente vencida”, já que “alguns grupos ainda estão levemente acima do desejado pelo BC e isso pode dificultar um corte maior”. O economista acredita, no entanto, que os próximos movimentos do Copom devem ser de cortes maiores da Selic, passando a reduções de 0,5 p.p nas reuniões de setembro, novembro e dezembro.
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