O consumo global de café deve aumentar de 1% a 2% ao ano até o final da década, de acordo com a diretora executiva da Organização Internacional do Café, Vanusia Nogueira, segundo a qual cerca de 25 milhões de sacas de 60 quilos serão necessárias nos próximos oito anos.
“Estamos mais conservadores agora para uma projeção de curto prazo”, disse Nogueira durante conferência em Hanói realizada pela Associação de Café e Cacau do Vietnã, em referência ao cenário global atual, como a alta inflação na Europa e a guerra na Ucrânia. As previsões anteriores do grupo, que apontavam um crescimento médio do consumo de 3,3% ao ano no longo prazo, eram muito “otimistas”, acrescentou.
O mercado global atingirá um equilíbrio entre oferta e demanda nos próximos dois ou três anos em relação ao déficit atual, disse Nogueira em entrevista à Bloomberg.
Há maior demanda mundial tanto por grãos arábica quanto por robusta, mas os aumentos da produção e demanda por robusta serão maiores, explicou. Produtores tradicionais de arábica tentam cultivar mais robusta em meio ao aquecimento global, enquanto torrefadores buscam adicionar robusta mais barato às misturas. “Se você tiver robusta com qualidade superior, o consumidor não sentirá grande diferença nos blends.”
Muitos mercados estão à procura de um bom robusta, disse Nogueira. O Vietnã tem feito sua lição de casa para expandir a produção de robusta de alta qualidade “muito bem”, disse a executiva. Ela destacou sua surpresa ao provar três combinações de xícaras de café “muito boas” durante uma visita no dia anterior, com um grupo de convidados internacionais a uma loja da Vinh Hiep, segunda maior exportadora do país.
O grupo não vê o domínio global do Vietnã nas exportações de robusta sendo prejudicado pelo aumento da oferta de conilon do Brasil, porque a produção extra irá abastecer a indústria de café solúvel brasileira, a maior do mundo, segundo Nogueira. Os países produtores precisam elevar o consumo doméstico para obter melhores preços e benefícios para suas economias, afirmou.
O consumo vietnamita de café vai subir de 5% a 10% nos próximos anos em relação às atuais 300 mil toneladas, que incluem 170 mil toneladas usadas para a produção de café instantâneo, disse Do Ha Nam, vice-presidente da Associação de Café e Cacau do Vietnã, durante a mesma conferência.
Nam, que também é presidente do Intimex Group, maior transportadora do país, projetou que as remessas do Vietnã cairão em 2022-23 devido à menor produção e estoques insignificantes da temporada anterior.
A Organização Internacional do Café é um grupo intergovernamental de países exportadores e importadores, que representam mais de 90% da produção mundial e mais de 60% do consumo, segundo dados do site da entidade.
Veja também
- Balcão Agrícola do Brasil, apoiado pela Rumo, entregará soja e milho ainda em 2024
- Para driblar sanções, Rússia propõe que Brics desenvolvam sistema de pagamentos
- Importadoras estocam café brasileiro na Europa se antecipando a novas regras ambientais
- Geadas no Brasil fazem preço do café disparar e acendem sinal de alerta
- Chilena Codelco vai vender seu projeto de lítio, apesar da queda histórica nos preços