Economia
Copom decide manter a taxa Selic em 2% ao ano
É a quarta vez seguida que os juros básicos da economia ficam inalterados.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve nesta quarta-feira (20) a taxa básica de juros, Selic, na mínima histórica de 2% ao ano. É a quarta vez seguida em que a Selic fica inalterada.
Em setembro do ano passado, o órgão interrompeu um ciclo de nove cortes seguidos iniciado em julho de 2019, ao manter a Selic no nível atual, o menor nível desde 1999. Foi neste período que o governo estabeleceu um regime de metas para a inflação.
Em meio a pressões inflacionárias, o BC retirou do seu comunicado o “forward guidance”, com o qual mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas.
“O forward guidance deixa de existir e a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva”, afirmou o Copom em comunicado, reiterando que a suspensão da orientação não implica “mecanicamente” uma elevação da taxa de juros.
Com o “forward guidance” (orientação futura), adotado em agosto, o Copom se comprometeu a não elevar os juros até que as expectativas e projeções de inflação se aproximassem das metas no horizonte considerado relevante para a política monetária (até 2022) e contanto que o governo mantivesse seu regime fiscal.
“Em vista das novas informações, o Copom avalia que essas condições deixaram de ser satisfeitas já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”, afirmou o Copom nesta quarta-feira.
Juros baixos
A Selic está em 2% ao ano desde o dia 5 de agosto de 2020, quando o Copom reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual. A decisão foi unânime. Com isso, a rentabilidade das aplicações financeiras de renda fixa ficou mais baixa.
A manutenção da Selic acontece em um momento no qual a economia brasileira tenta se recuperar da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Após uma retração recorde de 9,7% do PIB no segundo trimestre e mesmo com a retomada na segunda metade do ano, economistas do mercado financeiro terminaram 2020 estimando um tombo de 4,4% da atividade no ano passado, em decorrência da paralisação de vários setores com as medidas de restrição social.
De um total de 58 instituições consultadas pelo “Projeções Broadcast”, todas esperam pela manutenção da Selic em 2% ao ano. Para o fim de 2021, as casas esperam desde uma Selic estável em 2,00% até um aumento dos juros a 4,75% ao ano. A mediana é de 3,5%.
Com a Selic em 2% ao ano, o retorno da poupança é de 1,4% ao ano (já que ela rende 70% da taxa Selic mais a TR, que está zerada).
Juros reais negativos
Com a manutenção, o Brasil aparece na oitava posição em um ranking de juros reais com 40 países, atrás de Japão, México, China e Rússia. A taxa de juros do país, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, está hoje negativa em 0,19%, segundo dados da gestora Infinity Asset em parceria com o MoneyYou.
* Com informações do da Reuters e do Estadão Conteúdo