O dólar fechou a sexta-feira (14) com queda superior a 1% ante o real. O dólar à vista fechou em queda de 1,22%, aos R$ 5,6974 — a menor cotação de fechamento desde 7 de novembro de 2024, quando encerrou em R$ 5,6759.
A divisa acumulou queda semanal de 1,65%, marcando a sétima semana consecutiva de perdas para a moeda norte-americana no Brasil. No ano, a baixa acumulada é de 7,79%.
O resultado está em sintonia com o recuo firme da moeda norte-americana no exterior, após o governo Trump adiar a cobrança de tarifas recíprocas de importação e depois de dados mostrarem retração do varejo dos EUA em janeiro.
Às 17h10 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido — cedia 1,19%, aos R$ 5,7080.
Na véspera, o governo Trump detalhou um roteiro para aplicar tarifas de reciprocidade contra qualquer país que imponha impostos sobre os produtos norte-americanos. No entanto, as tarifas não entraram em vigor nesta quinta-feira, o que foi visto pelo mercado como uma estratégia do presidente Donald Trump para iniciar negociações comerciais com outros países.
Este adiamento das tarifas pesou sobre os rendimentos dos Treasuries e sobre o dólar em todo o mundo.
“Com o discurso um pouco mais leve de Trump e a compreensão de que a guerra comercial seria prejudicial, o mercado avalia que talvez este cenário (de tarifas mais altas) não ocorra tão rapidamente”, Fabrício Voigt, economista da Aware Investments.
O recuo do dólar se intensificou após o Departamento do Comércio dos EUA informar que as vendas no varejo caíram 0,9% em janeiro, depois de um aumento revisado para cima de 0,7% em dezembro. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo, que são em sua maioria mercadorias e não são ajustadas pela inflação, cairiam apenas 0,1%.
Cenário no Brasil
A pressão de baixa para o dólar no Brasil se intensificou ainda mais na última hora de negócios, após o Datafolha informar que a aprovação do governo Lula caiu 11 pontos percentuais em dois meses e atingiu 24% em fevereiro, enquanto a reprovação subiu para 41%.
A divulgação na reta final dos negócios contribuiu para o dólar renovar mínimas, conforme três profissionais ouvidos pela Reuters.
Segundo o Datafolha, aqueles que avaliavam o governo como “ótimo ou bom” em dezembro caíram de 35% para 24% na rodada de fevereiro. Os que avaliaram a gestão como “ruim ou péssima” foram de 34% para 41%. Os 29% que consideravam o governo “regular” no fim do ano passado passaram para 32%.
Às 16h56, já após a divulgação do Datafolha, o dólar à vista marcou a mínima de R$ 5,6946 (-1,27%), para depois encerrar perto disso.
Três profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que o dólar caiu ainda mais com a avaliação, de parte do mercado, de que a queda da aprovação do petista significa menos chances de reeleição em 2026. Lula é visto por muitos como um presidente incapaz de promover os ajustes fiscais necessários no governo.
Um profissional defendeu, no entanto, que ainda é muito cedo para imaginar uma derrota de Lula na próxima eleição.
Às 17h55 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,29%, a 106,780.
Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 9.630 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.