Estados Unidos e China fizeram “avanço substancial” nas negociações comerciais após dois dias de reuniões em Genebra, segundo os representantes americanos Scott Bessent (secretário do Tesouro) e Jamieson Greer (representante de Comércio).

Foi o primeiro encontro formal desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, elevou as tarifas sobre produtos chineses para até 145%. He Lifeng, vice-premiê da China, afirmou que foi “um primeiro passo importante” para resolver as diferenças.

He afirmou que as duas maiores economias do mundo concordaram em criar um mecanismo para novas negociações, lideradas por Bessent e ele próprio. O secretário do Tesouro americano afirmou que os EUA compartilhariam os detalhes na segunda-feira (12) e prometeu uma declaração conjunta.

“Como dizemos na China: se os pratos são saborosos, o horário não importa”, disse o vice-ministro do Comércio chinês, Li Chenggang, a jornalistas em Genebra. “Quando for anunciado, será uma boa notícia para o mundo.”

Os negociadores procuraram transmitir um tom positivo em comentários separados à imprensa. He Lifeng elogiou o profissionalismo da delegação americana, enquanto Greer sugeriu que os conflitos entre os dois países podem estar sendo superestimados.

“É importante perceber a rapidez com que conseguimos chegar a um acordo — o que indica que, talvez, as diferenças não fossem tão grandes quanto se pensava”, disse Greer. “Ainda assim, houve muito trabalho de bastidor nestes dois dias.”

Com o início da semana de negociações na Ásia, o dólar se valorizou frente às principais moedas, incluindo euro, iene e franco suíço. O dólar australiano, frequentemente usado como termômetro do sentimento em relação à China, também subiu, assim como o yuan.

“Embora sigamos céticos quanto à possibilidade de um acordo realmente substancial após apenas dois dias de conversas, está claro que ambos os lados estão tentando conter a escalada”, escreveu Win Thin, estrategista-chefe global da Brown Brothers Harriman, em relatório.

Os anúncios vieram após horas de reuniões entre Scott Bessent, Greer e He, organizadas na residência do embaixador da Suíça nas Nações Unidas, que serviu como sede do encontro. Ao final, Bessent e He declararam que houve “progressos substanciais” nas negociações.

A reunião ocorre após meses de escalada: Trump justificou os aumentos tarifários como resposta à crise do fentanil, ao superávit comercial chinês e às retaliações impostas por Pequim. A China reagiu com tarifas de até 125% sobre produtos americanos, gerando um impasse sem solução à vista.

O temor de prateleiras vazias nos EUA — como durante a pandemia — acelerou os esforços diplomáticos. Executivos do varejo americano alertaram a Casa Branca sobre possíveis choques nas cadeias de suprimento se os embargos fossem mantidos por muito tempo.

Apesar das conversas, Trump não ajudou a baixar a temperatura: antes mesmo da reunião, publicou na Truth Social que “80% de tarifa sobre a China parece certo”, deixando a decisão “a cargo do secretário do Tesouro”.

Depois, celebrou nas redes sociais o “grande progresso” e disse que houve avanços “em muitos pontos”, sem entrar em detalhes. “Foi um reset total, negociado de forma amigável e construtiva”, escreveu. Ele também sugeriu que pode conversar com Xi Jinping nos próximos dias, dependendo do que for reportado por sua equipe.

Trump relembrou ainda o acordo assinado com os chineses em 2020, no fim de seu primeiro mandato — quando Pequim se comprometeu a comprar mais de US$ 200 bilhões em produtos e serviços dos EUA. Segundo ele, o governo Biden falhou ao não pressionar os chineses a cumprir o combinado.

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