O ex-primeiro ministro do Japão Shinzo Abe, o líder a permanecer mais tempo no posto no país, morreu nesta sexta-feira horas depois de ter sido baleado durante um comício para as eleições parlamentares japonesas, chocando um país no qual a violência política é rara e as armas são rigorosamente controladas.
Um homem abriu fogo sobre Abe, que tinha 67 anos, por trás com uma arma aparentemente caseira enquanto o ex-premiê discursava na cidade de Nara, no oeste do país, noticiou a mídia japonesa.
Foi o primeiro assassinato de um ex-premiê ou de um primeiro-ministro no cargo no Japão desde os dias do militarismo pré-guerra no país, na década de 1930.
O hospital para onde Abe foi levado na tentativa de salvá-lo disse que o ex-premiê morreu às 17h03 (horário local, 5h03, em Brasília), cerca de cinco horas e meia depois que ele foi baleado. Um médico disse que Abe sangrou até a morte devido a dois ferimentos profundos, um deles no lado direito de seu pescoço. Ele não tinha sinais vitais quando deu entrada no hospital.
Em fala antes do anúncio da morte de Abe, o atual primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, condenou o ataque nos “termos mais fortes”, enquanto o povo japonês e os líderes mundiais expressaram choque.
“Este ataque é um ato de brutalidade que aconteceu durante as eleições –o próprio fundamento de nossa democracia– e é absolutamente imperdoável”, disse Kishida, lutando para manter suas emoções sob controle.
Um funcionário dos bombeiros disse que Abe parecia estar em estado de parada cardíaca quando foi levado ao hospital por via aérea.
A polícia disse que um homem de 41 anos suspeito de ter realizado os disparos havia sido preso. A emissora NHK afirmou que o suspeito, identificado como Tetsuya Yamagami, disse à polícia que estava insatisfeito com Abe e que queria matá-lo.
Abe fazia um discurso de campanha do lado de fora de uma estação de trem quando dois tiros foram disparados por volta das 11h30 (horário local, 23h30 da quinta-feira em Brasília). Agentes das forças de segurança foram então vistos avançando sobre um homem com uma camiseta cinza e calças bege.
“Houve um estrondo alto e depois fumaça”, disse o empresário Makoto Ichikawa, que estava no local, à Reuters, acrescentando que a arma era do tamanho de uma câmera de televisão.
“O primeiro tiro, ninguém sabia o que estava acontecendo, mas após o segundo tiro, o que parecia ser uma polícia especial avançou sobre ele.”
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