“A continuidade ampla da política macroeconômica continua sendo nossa expectativa”, disse a agência em nota, destacando a tentativa da campanha de Lula de se aproximar do centro ao escolher Geraldo Alckimin, antes um forte crítico do PT, para integrar a chapa como vice. “A vitória de partidos conservadores nas eleições para o Congresso de outubro também podem colocar um freio em um programa econômico de esquerda”, avaliou a Fitch.
A agência também lembrou que há pouca probabilidade de mudanças no atual regime de política monetária do país sob Lula, já que o Banco Central agora é independente.
“No entanto, o Brasil enfrenta desafios fiscais e de crescimento. Estes já estão capturados em seu ‘rating’ soberano, mas a forma como são tratados influenciará a trajetória futura da classificação”, disse a Fitch.
Lula disse várias vezes durante a campanha que pretende revogar o teto de gastos, a principal âncora fiscal do país, e sua campanha ainda não detalhou que instrumento substituiria a atual regra.
A Fitch projeta que Brasil passará a mostrar déficit primário de 1% do PIB em 2023, após provável saldo positivo de 1% neste ano. O prognóstico de piora se deve à expectativa de redução cíclica de receitas, cortes de impostos e medidas de aumento de gastos, incluindo a provável extensão do Auxílio Brasil.
A vitória de Lula também pode significar uma pausa nos esforços de privatização e maior ênfase no investimento via setor público, disse a Fitch.
“Não está claro se o governo Lula será capaz de lidar com as questões que pesam sobre o investimento privado, incluindo um sistema tributário complexo. O apetite por uma reforma administrativa para melhorar a eficiência do setor público também não é claro”, acrescentou a agência.
A Fitch dá ao Brasil “rating” “BB-“, com perspectiva estável.