Uma cortina de fumaça de incêndios floresta amazônica está se espalhando pelo Brasil e já chegou a São Paulo e possivelmente indo em direção aos países vizinhos Argentina e Paraguai.
Houve 28.697 incêndios registrados na região amazônica em agosto, 38% a mais do que a média dos últimos 10 anos, disse o World Wide Fund for Nature Brasil (WWF), organização não-governamental que trabalha na área de preservação da natureza. O número ultrapassa 50.000 no ano até 27 de agosto, o maior desde 2010, segundo o WWF.
Partículas tóxicas sufocaram a capital Brasília no início desta semana e agora se espalharam para São Paulo, o centro financeiro do país e a maior cidade da América Latina. Incêndios foram relatados no Pantanal e em todo o interior do estado de São Paulo. O fogo também destrói canaviais do país, o maior exportador do mundo de açúcar do mundo, o que deve impactar o fornecimento global do produto.
Este é o segundo ano consecutivo de seca extrema no Brasil. O clima seco e quente criou condições ideais para que incêndios florestais se espalhem por grandes áreas. A maioria dos episódios na Amazônia foi provocada por fazendeiros e pecuaristas que deliberadamente atearam fogo na floresta para criar pastagens, de acordo com Rafael Franca, professor de clima da Universidade de Brasília.
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Não há alívio à vista, pois a estação chuvosa não deve começar antes de outubro, o que significa que as condições neste mês provavelmente serão ainda piores.
“A situação é séria”, disse Franca, acrescentando que os próximos meses serão críticos. “O único mecanismo eficaz para dissipar toda essa fumaça é a chuva, somente a chuva.”
Recorde de incêndios
Cerca de 167 municípios declararam estado de emergência devido aos incêndios, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios. O Instituto Nacional de Meteorologia, conhecido como Inmet, emitiu um alerta de risco porque a maioria dos estados federais do país tem umidade perigosamente baixa.
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Temperaturas acima de 35 °C (95 °F) e ventos fortes de 60 km/h (37 mph) são esperados no estado de São Paulo neste fim de semana, de acordo com uma nota do Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil de São Paulo. Níveis mais altos de dióxido de carbono aumentam doenças respiratórias e riscos cardiovasculares. A fumaça espessa pode diminuir a visibilidade, afetando o tráfego rodoviário e as operações do aeroporto.
A fumaça está atualmente se movendo para o Sul, de acordo com Maria Clara Sassaki, especialista em clima da Tempo OK, consultoria meteorológica em São Paulo. Pode chegar até o Paraguai e a Argentina, disse Alexandre Nascimento, sócio da Nottus, consultoria meteorológica.
“Os incêndios são sérios e indicam que há uma grande área sendo destruída”, disse Sassaki. “A nuvem de fumaça vinda do Norte provavelmente está encontrando outras nuvens de fumaça em seu caminho, aumentando ainda mais a concentração de poluentes.”
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