O pior apagão da histórica na Espanha e em Portugal ainda mantinha boa parte da Península Ibérica na noite desta segunda-feira (28). Por volta das 18h do Brasil, apenas 50% do fornecimento havia sido restaurado na Espanha, mesmo após o prazo inicial estipulado pela operadora espanhola Red Eléctrica para o reestabelecimento total do serviço.
Já em Portugal, a energia em Lisboa só começou a ser retomada a partir das 17h, e o primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, disse que ela seria totalmente restaurada no país “nas próximas horas”.

O problema paralisou o transporte público, causou grandes engarrafamentos, atrasou os voos e chegou a paralisar partidas de tênis do Madrid Open.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que o governo ainda não havia identificado uma razão para o apagão até o início da noite. O país perdeu cerca de 15 gigawatts de fornecimento de energia em cinco segundos, disse ele.
“Estamos trabalhando com um objetivo claro: que amanhã a energia esteja de volta em todo o país”, afirmou ele. “Temos uma longa noite pela frente. Continuaremos trabalhando para restaurar a normalidade o mais rápido possível e manteremos vocês informados.”
Um apagão dessa magnitude é altamente incomum e expõe a fragilidade da rede em um momento em que os sistemas da Europa estão sob pressão devido ao aumento da quantidade de energia renovável. Embora ainda não esteja claro o que causou o problema, a produção solar é particularmente intensa em toda a Europa nesta época do ano. Um aumento na geração solar fez com que os preços da energia se tornassem negativos durante o fim de semana na Alemanha, Bélgica e Holanda.

Caos na Península Ibérica
O apagão causou caos em partes de Portugal e da Espanha. Os semáforos pararam de funcionar, causando engarrafamentos. As redes de transporte foram paralisadas, os hospitais ficaram sem energia e as pessoas ficaram presas no metrô e nos elevadores.
Em Madri, centenas de pessoas ficaram nas ruas do lado de fora dos prédios de escritórios e houve uma forte presença policial em torno de alguns prédios importantes, com policiais direcionando o tráfego e dirigindo pelos átrios centrais com luzes.
O torneio de tênis Madrid Open foi suspenso, forçando o 15º cabeça de chave Grigor Dimitrov e o oponente britânico Jacob Fearnley a saírem da quadra quando os placares ficaram escuros e as câmeras aéreas ficaram sem energia.
A Comissão Europeia disse que estava em contato com as autoridades da Espanha e de Portugal e com a rede europeia de operadores de sistemas de transmissão ENTSO-E para tentar determinar a causa do apagão.

Os governos espanhol e português se reuniram para discutir o apagão, que também afetou brevemente partes da França, e um comitê de crise foi criado na Espanha, segundo fontes familiarizadas com a situação.
Durante o dia, o primeiro-ministro espanhol visitou o centro de controle da operadora de transmissão de eletricidade Red Eléctrica.
“O governo está trabalhando para determinar a origem e o impacto desse incidente e está dedicando todos os recursos para resolvê-lo o mais rápido possível”, declarou o governo espanhol.
A Red Eléctrica disse que estava trabalhando com as empresas regionais de energia para restaurar a energia. A concessionária portuguesa REN afirmou que havia ativado planos para a restauração em fases do fornecimento de eletricidade.

Aeroportos
Interrupções de energia nessa escala são raras na Europa. Em 2003, um problema em uma linha de energia hidrelétrica entre a Itália e a Suíça causou um grande apagão em toda a península italiana por cerca de 12 horas.
Em Madri, o ar estava repleto do som das sirenes da polícia e dos helicópteros que passavam por cima.
Em um vídeo postado no X, o prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, pediu aos moradores da capital que minimizassem todas as viagens e permanecessem em seus locais atuais, se possível.
Os aeroportos registraram atrasos. A Aena, que administra 46 aeroportos na Espanha, relatou atrasos nos voos em todo o país.
A ANA, operadora aeroportuária de Portugal, informou que os aeroportos ativaram os geradores de emergência, o que, por enquanto, permitia que as operações essenciais fossem mantidas nos aeroportos de Porto e Faro.
“Em Lisboa, as operações estão em andamento, mas com limitações. Até o momento, não houve impactos nos aeroportos da Madeira e dos Açores”, afirmou.