O fenômeno climático La Niña surgiu no Oceano Pacífico, o que ampliou o risco de seca em regiões agrícolas no Brasil, naArgentina e na Califórnia, além de derrubar as temperaturas no Meio-Oeste americano. Mas o inverno deve ser mais ameno em Nova York e na Costa Leste dos Estados Unidos.

A La Niña, que ocorre ciclicamente quando a superfície do Pacífico esfria e a atmosfera acima dela reage, se formou no mês passado e, provavelmente, durará até fevereiro de 2026, informou o Centro de Previsão Climática dos EUA em sua mais recente previsão divulgada nesta quinta-feira. Não se prevê que o fenômeno seja forte, portanto, os impactos típicos podem ser limitados.

“Como esperamos que este evento seja provavelmente fraco, também esperamos que as mudanças no Oceano Pacífico tropical não impulsionem de forma eficaz a circulação atmosférica global”, disse por e-mail Michelle L’Heureux, meteorologista do Centro de Previsão Climática.

A La Niña é monitorada de perto porque altera significativamente o clima e pode afetar os mercados agrícola e de energia em todo o mundo.

O fenômeno aumenta as chances de condições secas no sul da Califórnia e em partes da América do Sul, potencialmente espalhando a seca pelo sul do Brasil e pela Argentina, o que compromete a produtividade das culturas agrícolas.

Também pode sinalizar clima mais frio no Japão, no noroeste do Canadá e nas Grandes Planícies e no Alto Meio-Oeste dos EUA. As temperaturas mais baixas podem afetar a demanda por aquecimento e, por sua vez, os mercados de gás natural.

Tempestades de La Niña

Durante alguns invernos com a La Niña nos EUA, a trajetória de tempestades se desloca pelo nordeste do país, trazendo mais neve e chuva para o interior. Para cidades como Nova York e Washington, isso pode significar inverno mais chuvoso, e tempestades que geralmente resultam em menos neve ao longo da estação. A previsão atual indica um inverno mais ameno na Costa Leste, mas isso segue tendências de longo prazo.

Nos últimos anos, a La Niña tem ocorrido quase duas vezes mais que seu equivalente mais quente, o El Niño. Desde aproximadamente 1980, houve mais condições semelhantes às da La Niña em todo o Pacífico tropical, disse L’Heaureux. O nome científico deste ciclo é Oscilação Sul El Niño (ENSO, na sigla em inglês).

“É difícil dizer o quanto a tendência de longo prazo está sendo confundida com as variações sazonais do ENSO que vivenciamos e observamos, mas sei que esta é uma área ativa de pesquisa”, acrescentou L’Heureux.