A Caixa Econômica Federal vai liberar, até o fim de agosto, o pagamento de R$12,9 bilhões em lucros do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para trabalhadores. A distribuição segue determinação legal de repassar parte dos resultados de investimentos do fundo aos beneficiários.

O montante de R$ 12,9 bilhões representa 95% do lucro obtido pelo FGTS em 2024, que totalizou R$ 13,6 bilhões. A distribuição vai contemplar titulares de contas com saldo em 31 de dezembro do ano passado.

Com a distribuição, a rentabilidade do FGTS alcançará 6,05%, o que representa um ganho real de 1,16% acima da inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2024, que ficou em 4,83%.

O valor distribuído foi estabelecido pelo Conselho Curador do FGTS, formado por representantes do governo, trabalhadores e empregadores, em reunião realizada na tarde de quinta-feira (24).

Em anos anteriores, o índice ficou próximo a 0,0269 (ou 2,69%). Assim, quem tinha R$1.000 receberia cerca de R$26,90 em 2024, enquanto percentuais levemente menores ou maiores foram aplicados em períodos diferentes.

Entenda o FGTS

O FGTS é abastecido pelos depósitos mensais feitos por empregadores aos seus funcionários — com carteira assinada —, e o saldo é investido em projetos de infraestrutura, habitação e saneamento.

O rendimento das contas do FGTS é garantido por lei em 3% ao ano, acrescido da Taxa Referencial (TR). Desde 2017, parte do lucro líquido gerado por esses investimentos é, obrigatoriamente, dividida com os trabalhadores, proporcionalmente ao saldo que cada um mantinha ao fim do ano-base.

Essa repartição visa proteger o poder de compra do trabalhador, principalmente após decisão de 2024 do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que a remuneração do FGTS não pode ser inferior à inflação anual (pelo IPCA). Em 2024, a inflação oficial ficou em 4,83% e, para garantir o rendimento mínimo, parte do lucro do fundo é revertida aos cotistas.

Quem tem direito a receber?

Todos os trabalhadores que possuíam saldo positivo — seja em contas ativas (do emprego atual) ou inativas (de empregos passados) — no FGTS em 31 de dezembro de 2024 terão direito à distribuição dos lucros em 2025. Não importa se houve movimentação na conta após essa data — a referência é o saldo naquele limite anual.

Tem direito ao benefício:

O valor será depositado automaticamente nas contas do fundo, visível no extrato do app “Meu FGTS” ou nas agências da Caixa, sem necessidade de solicitação ou cadastro prévio.

Até maio de 2025, a Caixa estimava mais de 56,2 milhões de trabalhadores com contas ativas, envolvendo 72,3 milhões de contas no total. Em 2024 foram repassados R$15,2 bilhões, 65% do lucro líquido do fundo, alçando a marca de maior valor nominal já transferido desde a criação da medida. Em anos recentes, a distribuição chegou a contemplar até 99% do lucro líquido em razão de rendimentos recordes e novo regramento legal.

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O lucro pode ser sacado?

A quantia creditada a título de lucro fica retida na conta do FGTS e só pode ser resgatada nas mesmas hipóteses aplicáveis ao próprio fundo, como demissão sem justa causa, aposentadoria, saque-aniversário, compra de imóvel, doença grave e outros casos previstos em lei. Portanto, mesmo após o crédito, o trabalhador só pode movimentar esse dinheiro obedecendo às normas vigentes.

Como acompanhar e calcular seu valor?

A Caixa disponibiliza a consulta de extratos e do valor recebido por diferentes canais, como o aplicativo oficial “Meu FGTS” (Android/iOS) e internet banking, além das próprias agências físicas. O cálculo será proporcional ao saldo existente na conta do FGTS em 31 de dezembro de 2024, multiplicado pelo índice definido pelo conselho do fundo. O pagamento será feito até o fim de agosto, mas pode ser antecipado em algumas situações, caso haja decisão do colegiado gestor.

A expectativa para este ano, diante de bons resultados em aplicações e da política de repasses mais agressiva, é de que o rendimento do FGTS supere novamente o índice de inflação.