Economia
Massa salarial recorde indica que PIB deve crescer de forma mais significativa
Avaliação é de economistas após massa de rendimento real habitual chegar a R$ 288,9 bilhões no trimestre encerrado agosto.
A massa de rendimento real habitual no Brasil no trimestre encerrado em agosto bateu recorde da série histórica Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para economistas, o dado indica mais crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (29) pelo IBGE, a massa de rendimento real habitual chegou no período ao recorde de R$ 288,9 bilhões, crescendo 2,4% frente ao trimestre anterior e 5,5% na comparação anual.
Já o rendimento real habitual ficou estável na comparação com o trimestre de maio e foi de R$ 2.947. No ano, esse valor significa um crescimento de 4,6%.
Para o economista André Perfeito, isso indica, mais uma vez, que o PIB deste ano deve avançar de maneira mais significativa.
“Mantemos, por ora, nossa projeção de PIB em 3% para 2023, mas podemos revisar facilmente para 3,5%, caso outros indicadores corroborem para o bom momento”, estima Perfeito.
Rafael Perez, economista da Suno Research, cita em comentário que o movimento de aumento no rendimento real com queda no desemprego tem sido um fator importante para não exercer grandes pressões sobre os preços ao mesmo tempo que mantém o consumo aquecido.
“Isso permite que a economia continue apresentando um crescimento com a inflação estável”, avalia Perez.
Ritmo de crescimento da economia
O Banco Central divulgou no último dia 19 que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do PIB, avançou 0,44% em julho na comparação com o mês anterior. Em junho, o indicador teve alta de 0,63%.
No segundo trimestre de 2023, o PIB do Brasil avançou 0,9% na comparação com os três meses anteriores, totalizando R$ 2,651 trilhões até o fim de julho. O resultado veio acima de projeções do mercado, que, segundo consenso Refinitiv, era de um avanço de 0,3%.
O Banco Central melhorou sua estimativa de crescimento para a economia brasileira em 2023 a 2,9%, de 2,0% estimados em junho, mostrou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado na quinta-feira (28).
Na mesma linha, a perspectiva de crescimento econômico do Brasil também foi melhorada mais recente pesquisa semanal Focus, publicada pelo Banco Central na segunda-feira. Agora, a mediana das previsões na pesquisa é de que o PIB crescerá 2,92% em 2023, contra taxa de 2,89% esperada antes.
Desemprego é o menor desde 2015
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, a taxa de desemprego voltou a cair e atingiu 7,8% nos três meses encerrados em agosto, a mais baixa desde o trimestre até fevereiro de 2015, quando foi de 7,5%. Nos três meses imediatamente anteriores, até maio deste ano, a taxa havia ficado em 8,3%.
O contingente de pessoas desocupada foi de 8,4 milhões no trimestre encerrado em agosto de 2023, o menor contingente desde o trimestre móvel encerrado em junho de 2015, quando foi de 8,5 milhões.
Segundo Perez, o dado veio em linha com o esperado e continua mostrando um mercado de trabalho resiliente e aquecido.
“O movimento de queda do desemprego está relacionado ao aumento no nível de ocupação, que teve uma alta significativa de quase 1 milhão no número de pessoas trabalhando desde o início do ano”.
Rafael Perez, economista da Suno Research.
Ele comenta ainda que não enxerga espaço para quedas significativas no desemprego até o final do ano, já que o mercado de trabalho deve começar a refletir o menor crescimento da economia neste segundo semestre.
Em relatório, o Itaú BBA avaliou que os dados continuaram a demonstrar a resiliência do mercado de trabalho, com expansão no segmento formal, apesar de ligeira queda no emprego informal. Com isso, o banco disse manter a expectativa de que a taxa de desemprego encerre o ano em 8%.
Do ponto de vista de política monetária, André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart X, explica que uma taxa de desemprego em patamares historicamente baixos pode preocupar o Banco Central ao tomar a decisão sobre a taxa Selic.
“Em sua ata, o Copom ratificou que acompanha o mercado de trabalho, mas não enxerga grandes mudanças no rendimento salarial”, destaca Meirelles.
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