Ao abrir a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou o mundo rico pelo investimento prometido para combater as mudanças climáticas, alertando que a crise afeta sobretudo os mais pobres.

Lula começou sua fala prestando solidariedade às populações de Líbia e Marrocos por recentes tragédias (uma tempestade e um terremoto) que mataram milhares de pessoas, e também citou os efeitos do ciclone no sul do Brasil.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, discursa no púlpito da ONU, com fundo de mármore verde.
Lula discursa na Assembleia Geral da ONU
19/9/2023 REUTERS/Mike Segar

“Agir contra a mudança do clima implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado”, disse Lula a uma plateia de líderes mundiais.

“Não é por outra razão que falamos em responsabilidades comuns, mas diferenciadas. São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima. Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo“.

Lula cobrou os países mais ricos pelos investimentos necessários para políticas de mitigação e adaptação nos países mais pobres, uma fala que vem sendo recorrente nos discursos do presidente em fóruns internacionais. A promessa no Acordo de Paris seria de um investimento de US$ 100 bilhões por ano até 2025, o que não foi cumprido. “Hoje esse valor seria insuficiente para uma demanda que já chega à casa dos trilhões de dólares”, afirmou.

Valorização da Amazônia

Em sua fala sobre meio ambiente durante o discurso, o presidente lembrou os avanços que o Brasil já fez nos quase nove primeiros meses de seu governo, com a queda de 48% no desmatamento da Amazônia desde o início do ano. Ele também celebrou a matriz energética limpa do Brasil e o potencial da região, no que foi aplaudido.

Lula deixou claro que os países detentores de florestas tropicais, em especial a Amazônia, querem falar por si. Citou sobre o assunto a realização da Cúpula de Belém em agosto e lembrando que a região tem 50 milhões de habitantes, além de ressaltar o diálogo com outros países, como Indonésia e Congo.

Em seu oitavo discurso nas Nações Unidas, o primeiro do terceiro mandato, o presidente lembrou que há 20 anos abria pela primeira vez a Assembleia Geral, em seu primeiro ano como presidente. Ele lembrou que, na época, as mudanças climáticas ainda não eram a emergência que são hoje.

“Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres”, alertou.