Economia
Preço de imóveis sobe acima da inflação em 2022 e tem maior alta desde 2014
É o que mostra o índice FipeZap+; Vitória foi a capital com o valor do m2 mais caro do Brasil.
O preço médio de imóveis residenciais no Brasil subiu 6,16% em 2022, superando a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), bem como a variação do Índice Geral de Preços–Mercado (IGP-M). É o que mostra o índice FipeZap+ de venda residencial, desenvolvido em parceria pela Fipe e pelo ZAP+.
O levantamento, que acompanha a variação do preço médio de apartamentos prontos, revelou que 49 das 50 cidades que compõem o índice apresentaram aumento nominal dos preços no ano passado, entre elas as 16 capitais que são acompanhadas pelo FipeZap+.
A maior alta entre as capitais monitoradas foi registrada na cidade de Vitória, no Espírito Santo, com os preços subindo 23,23%. Na sequência, aparecem Goiânia (20,91%) e Campo Grande (+14,03%). Confira:
Considerando o valor médio do metro quadrado entre as capitais, segundo o índice FipeZap+, Vitória registrou no ano passado o valor mais caro do Brasil, de R$ 10.481 em dezembro. Posteriormente, estão São Paulo (R$ 10.196/m²) , Rio de Janeiro (R$ 9.860/m²), Florianópolis (R$ 9.569/m²) e Brasília (R$ 8.726/m²) e Curitiba (R$ 8.522/m²).
Por outro lado, as capitais que registraram o menor preço médio por metro quadrado em imóveis residenciais em 2022 foram: Campo Grande (R$ 5.232/m²), João Pessoa (R$ 5.430/m²), Salvador (R$ 5.649/m²), Manaus (R$ 6.136/m²) e Goiânia (R$ 6.182/m²).
Financiamento em 2023: vale a pena?
Em dezembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,62%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a inflação ao consumidor do Brasil encerrou 2022 com alta acumulada de 5,79%, superando o teto do governo, que é de 3,5% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A inflação é um dos motivos que impacta o movimento da taxa Selic. Os juros mais altos indicam cenário de inflação elevada. O objetivo da alta da taxa de juros pelo Banco Central é promover o desaquecimento da economia, diminuindo a pressão sobre a alta de preços na economia.
O Boletim Focus vem mostrando elevação da projeção do mercado financeiro para a taxa de juros do país. No último documento, analistas estimaram que a taxa Selic encerre 2023 em 12,25%, em 9,5% em 2024 e em 9% em 2025.
Carlos Castro, planejador financeiro e sócio fundador da SuperRico-Projetos de Vida, explica que a estimativa do mercado para a Selic neste ano mostra uma taxa de juros ainda muito alta e que isso impacta diretamente o custo do crédito.
“Segundo o Banco Central, em 3 anos, os juros poderão estar no patamar de 8% ao ano. Para quem está pensando em comprar um imóvel financiado agora e pode esperar um pouco, a recomendação é utilizar o juro alto atual para aumentar a reserva financeira e, consequentemente, aumentar o valor da entrada”, sugere Castro.
O planejador financeiro avalia que a renda fixa é uma forma menos arriscada para se fazer a reserva financeira e que ela se beneficia dos juros altos, entregando um pouco mais de 1% de rentabilidade ao mês.
“Planejar o aumento da reserva nos próximos 3 anos para quem financia o imóvel em 30 anos, significa dar uma entrada maior, travar juros mais baixos e, potencialmente, reduzir o saldo devedor em até 40% comparado a financiar o imóvel em 2023”, afirma Castro.
Já Maykon Henrique de Oliveira, planejador financeiro CFP e professor da Eu me banco Educação, explica que investir em imóveis depende de diversas variáveis, como do ciclo de vida em que o investidor está, quais são seus objetivos de curto, médio e longo prazo e qual a liquidez que o investidor precisa.
“No meu ponto de vista, se a compra do imóvel estiver dentro de uma estratégia, compensa fazer o investimento, principalmente em épocas de crise como a que tivemos em 2021 e 2022, quando a inflação chegou a patamares elevados. Investir no mercado imobiliário em períodos de crise é uma forma de se proteger da inflação, que é uma das principais vilãs dos brasileiros”, diz Oliveira.
O planejador financeiro da Eu me banco destaca, no entanto, alguns cuidados que é preciso ter antes de considerar financiar um imóvel:
- Renda do investidor: é preciso buscar um imóvel que seja compatível com a renda, e que a prestação do financiamento não ultrapasse 40% da renda familiar.
- Fazer um planejamento: como financiar um imóvel é uma dívida de longo prazo e que pode levar décadas para ser paga, é importante que toda a família participe desse planejamento, considerando que as parcelas farão parte do orçamento por mais de 10, 15 anos.
- Ter esse dinheiro em mãos para dar entrada no imóvel: quando se faz um financiamento, dificilmente se conseguirá financiar 100% do valor do imóvel, geralmente é pedido 20%, 30%, 35% do valor total à vista, como entrada.
- Atenção com impostos e taxas: eles fazem parte da negociação e financiamento imobiliário. Tem custos que precisam, inclusive, ser pagos antecipadamente, como o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e os custos de cartório.
- Cuidado com juros: bancos e financeiras que possuem crédito imobiliário ofertam várias modalidades de composição de juros. É importante que o investidor saiba qual delas fornece mais benefícios associados quanto ao tempo, a taxa e a forma de quitação do financiamento.
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