O setor de serviços do Brasil ganhou impulso em maio e cresceu no ritmo mais forte em quase dois anos devido à melhora da demanda, apesar do aumento da pressão dos custos de insumos, mostrou nesta quarta-feira o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
O PMI do setor, compilado pela S&P Global, subiu a 55,3 em maio, de 53,7 em abril, atingindo o nível mais elevado desde julho de 2022. Sustentado por aumentos nas novas encomendas e tendências positivas de demanda, o índice avançou ainda mais acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.
A nota da pesquisa informa que os dados de maio excluem as respostas de entrevistados do Rio Grande do Sul, destacando que o PMI de serviços ficaria aproximadamente dois pontos mais baixo quando ajustado para as prováveis respostas negativas das empresas sediadas em regiões diretamente impactadas pelas enchentes e portanto incapazes de responder à pesquisa.
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“A economia de serviços do Brasil surgiu como um ponto de destaque em maio, mostrando ritmo substancial de crescimento no momento em que a indústria foi particularmente afetada pelas enchentes no Rio Grande do Sul”, destacou a diretora associada de Economia da S&P Global, Pollyanna De Lima.
A taxa de expansão das novas encomendas aos fornecedores de serviços brasileiros também foi a maior em 22 meses em maio, com os participantes citando força da demanda, aumento no número de consumidores e eventos locais como principais determinantes da alta nas vendas.
Somado às expectativas positivas para a produção no médio prazo, isso levou a nova rodada de criação de vagas de emprego no mês, no melhor ritmo desde outubro de 2022.
As expectativas de que as condições da demanda continuarão favoráveis ao crescimento elevou a confiança dos fornecedores de serviços para o maior nível em nove meses (mesmo patamar de março).
Em relação à inflação, as empresas indicaram nova alta nos gastos operacionais, com destaque para custos mais altos de combustíveis, materiais, aluguem e salários.
Os preços cobrados continuaram a aumentar, embora a taxa de inflação tenha caído para o menor nível em oito meses.
Com o crescimento da indústria brasileira perdendo força em abril, o setor de serviços sustentou o crescimento da atividade empresarial no país. No entanto, o PMI Composto caiu de 54,8 em abril para 54,0 em maio, menor nível em quatro meses.
Estados Unidos
O setor de serviços dos Estados Unidos voltou a crescer em maio, depois de uma contração no mês anterior.
O Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu índice de gerentes de compras não manufatureiro subiu de 49,4 em abril para 53,8 no mês passado. A leitura de maio, a mais alta desde agosto, superou as estimativas de todos os 59 economistas em uma pesquisa da Reuters, cuja mediana era de 50,8, um pouco acima do nível 50 que separa o crescimento de contração.
O índice de atividade empresarial do relatório subiu 10,3 pontos, o maior aumento desde março de 2021, e o elevou para 61,2, o nível mais alto desde novembro de 2022.
O crescimento do número de novos pedidos voltou a acelerar depois de ter diminuído nos dois meses anteriores, e uma medida dos custos de insumos de serviços diminuiu. O nível de emprego, embora tenha melhorado em relação ao nível mais baixo em quatro meses registrado em abril, permaneceu em território de contração, com 47,1.
A leitura do setor de serviços contrastou com o relatório do ISM sobre o setor manufatureiro divulgado na segunda-feira, que mostrou que a atividade contraiu pelo segundo mês consecutivo em maio.
Dados ao longo do último mês ficaram em geral abaixo das projeções de economistas, ampliando as evidências de que os 525 pontos-base de aumentos da taxa de juros pelo Fed desde março de 2022 estão finalmente pesando sobre uma economia que tem se mostrado resiliente.
Porém, com os serviços respondendo pela maior parte da produção econômica dos EUA, a surpresa positiva pode reforçar a hesitação em adotar cortes de juros entre as autoridades do Fed, em meio a uma inflação mais forte do que o esperado até agora neste ano.
O Fed se reunirá nos dias 11 e 12 de junho e deverá manter os juros, mas o banco central divulgará projeções atualizadas das autoridades para crescimento, desemprego, inflação e política monetária em vários horizontes de tempo.
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