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ESG

Demanda por energia solar está aquecida, mas ações do setor só caem

Expansão de fábricas aumenta os temores de excesso de capacidade.

De muitas maneiras, a indústria de energia solar nunca desfrutou de uma fase tão positiva em meio a iniciativas para reduzir o ritmo de aquecimento global, o que impulsiona a demanda por painéis a um recorde. Tente dizer isso a investidores dos maiores fabricantes de equipamentos solares do mundo.

As ações despencaram em reação aos preços em queda, que comprimem as margens, enquanto a expansão de fábricas aumenta os temores de excesso de capacidade.

Instalações de geração distribuída com painéis solares em Porto Feliz, interior de São Paulo REUTERS/Amanda Perobelli

Ao mesmo tempo, investidores são atraídos para novos setores, como a inteligência artificial. A capitalização de mercado combinada dos quatro maiores produtores de painéis, todos com sede na China, encolheu mais de 40% desde agosto.

“É um setor cujo desempenho deveria ser fantástico”, mas, em vez disso, um número crescente de empresas enfrenta problemas, disse Cosimo Ries, analista da consultoria Trivium China.

A queda segue uma valorização impressionante na qual o preço da ação da Longi Green Energy Technology, maior fabricante mundial de equipamentos solares, subiu mais de cinco vezes entre o início de 2020 até o final de 2021.

Demanda aquecida por painéis solares

A demanda por painéis foi impulsionada por metas climáticas dos governos e preocupações com a segurança energética, enquanto as melhorias na cadeia de suprimentos aceleraram as instalações.

O mercado global está a caminho de um total de 5.300 gigawatts de capacidade até 2030 — aproximadamente o volume de energia solar necessário em cenários nos quais as metas globais de zero líquido são atingidas, disse a BloombergNEF no mês passado.

Mas isso não foi suficiente para manter o “momentum” das empresas de energia solar. O preço da ação da Longi Green acumula queda de 54% em relação ao final de julho de 2022 e recuou 2% na quarta-feira em Xangai. O papel da Trina Solar perdeu 49% no mesmo período, enquanto as ações da JA Solar Technology e da Jinko Solar caíram pelo menos 22%.

Por que os preços caíram tanto?

O cenário começou a mudar no segundo semestre do ano passado. Novas fábricas entraram em operação para eliminar um gargalo na produção de polissilício, a principal matéria-prima com a qual os painéis são produzidos, provocando uma queda nos preços em toda a cadeia de suprimentos.

O Citigroup recentemente rebaixou a recomendação da Longi para “venda” por preocupações de que suas margens poderiam ser cortadas à medida que a oferta cresce mais rápido que a demanda.

Os fundos também sentem o impacto, já que investidores buscam transferir parte do capital no espaço de energia limpa para áreas como inteligência artificial, de acordo com Dennis Ip, analista da Daiwa Capital Markets.

Os fabricantes têm aumentado a capacidade de produzir equipamentos solares em toda a cadeia de valor. Atualmente, existem fábricas suficientes para produzir 657 gigawatts de módulos solares por ano, com outros 336 gigawatts anunciados ou em construção, segundo dados da BNEF. Neste ano, as instalações totais devem subir para 344 gigawatts.

A Longi recentemente soou o alerta sobre o excesso de capacidade, dizendo que mais da metade dos fabricantes de energia solar da China pode ser obrigada a sair do mercado nos próximos dois a três anos se a atual expansão agressiva em capacidade de fabricação continuar.

“Não há como a indústria acompanhar esse tipo de expansão de capacidade. Algum evento que talvez não possamos prever poderia virar tudo e iniciar uma nova onda de consolidação.”

Cosimo Ries, analista da consultoria Trivium China.

Nem todos os fabricantes de energia solar estão em crise. As ações da First Solar, uma empresa dos EUA que produz muito menos do que seus concorrentes chineses, mas que deve se beneficiar da Lei de Redução da Inflação do governo Biden, mais do que dobraram nos últimos 12 meses.

Mas a indústria já passou por períodos de desaceleração antes. A Suntech Power e a Yingli Green Energy foram as maiores fabricantes de painéis do mundo em 2010 e 2012, respectivamente, de acordo com a BNEF. A Suntech depois entrou com pedido de proteção contra credores, enquanto Yingli teve que entrar em reestruturação judicial.

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