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ESG

Inflação da carne está ligada a condições de trabalho, diz FAIRR Initiative

Segundo o relatório divulgado pelo grupo, o emprego de terceirizado facilita condições de trabalho antiéticas.

Fábrica Harim Co. em Iksan, Coreia do Sul, na segunda-feira, 29 de junho de 2015. Harim Group – empresa de aves e ração animal. Fotógrafo: SeongJoon Cho/Bloomberg via Getty Images

Os frigoríferos ainda enfrentam uma falta de mão de obra que pressiona preços e muitas vezes provoca escassez de oferta de carne. É um problema criado por eles mesmos devido às más práticas trabalhistas, de acordo com um grupo de investidores que se concentra em questões ESG.

Embora as empresas globais de carne tenham aumentado salários e outros benefícios após a pandemia, algumas das vantagens foram revertidas ou se enfraqueceram, incluindo, em alguns casos, folga remunerada por licença médica, de acordo com um relatório da FAIRR Initiative divulgado na terça-feira (14). O grupo, que representa investidores com US$ 70 trilhões em ativos totais, também apontou que o emprego de trabalhadores terceirizados facilita condições de trabalho antiéticas.

A indústria da carne está sob maior escrutínio desde o início da pandemia, quando abatedouros se tornaram focos de surtos de Covid-19 — milhares de trabalhadores do setor adoeceram e dezenas morreram. Os frigoríferos dos EUA enfrentam uma reputação de condições difíceis desde os dias de Upton Sinclair, autor americano que escreveu sobre abusos em seu romance de 1906, “A Selva”. 

E mesmo na era moderna, surgiram relatos de condições duras, baixos salários e até mesmo intervalos para ir ao banheiro tão curtos que alguns trabalhadores recorram a vestir fraldão.

Enquanto isso, os preços da carne nos EUA e no mundo dispararam em meio à oferta limitada, superando a inflação observada em muitos outros alimentos básicos. E o setor tem enfrentado dificuldades para contratar mais trabalhadores.

“As evidências mostram que a escassez está se tornando mais predominante e está ligada a más condições de trabalho”, disse o relatório da FAIRR, referindo-se à mão de obra. “Este é um grande risco, que está impactando a produção e os lucros.”

Algumas empresas, como a Tyson Foods e a JBS (JBSS3), as duas maiores produtoras nos EUA, divulgam informações sobre auxílio-doença aos investidores; outras não, como o WH Group, dono da Smithfield Foods, de acordo com o relatório. Isso torna a indústria menos transparente do que muitas outras. Tyson, JBS e Smithfield não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

“O setor não é atraente para os trabalhadores atualmente — as pessoas não querem trabalhar nele”, disse Siân Jones, analista da FAIRR.

Carne de aves em frigorífico em Itatinga (SP) 04/10/2011 REUTERS/Paulo Whitaker

Algumas empresas brasileiras fizeram mais do que suas concorrentes americanas em termos de transparência, disse Jones. O grupo disse que a Marfrig “se destaca” como a empresa que mais melhorou seu engajamento, com divulgação em quatro áreas principais: mecanismos de reclamação, auxílio-doença, distribuição de sua força de trabalho em tipos de contrato de trabalho e representação do trabalhador. 

Em comentário enviado por e-mail, a Marfrig disse que o relatório mostra que a empresa se destacou consistentemente de forma positiva em relação a políticas e práticas.

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