As ações da Volkswagen recuavam nesta quarta-feira (26), em meio à preocupação de investidores com o custo e incertezas de uma joint venture com a norte-americana Rivian que busca reforçar a posição do maior fabricante de automóveis da Europa no setor dos veículos elétricos.
O grupo alemão disse na véspera que investirá até US$ 5 bilhões na fabricante de veículos elétricos (EV, na sigla em inglês) como parte de um empreendimento para compartilhar plataformas e software de EVs.
A parceria é a mais recente mudança da Volkswagen de uma estratégia de iniciativa individual para trazer experiência através de parcerias em áreas-chave para a eletrificação, desde baterias a plataformas EVs e software.
LEIA MAIS: Dona da Fiat e Jeep tira parte da produção de carros elétricos da China
Mas isso aumenta as questões sobre o futuro da subsidiária de software da Volkswagen, Cariad, que tem lutado com anos de atrasos e perdas.
“O Cariad deveria e irá desaparecer. A realidade é que ela se tornará irrelevante e morrerá de morte natural”, disse Philippe Houchois, analista da Jefferies, acrescentando que nenhuma outra montadora tradicional conseguiu construir uma oferta de software competitiva sozinha.
Ainda assim, Houchois saudou a mudança de estratégia sinalizada pelo acordo. “A velha VW teria continuado investindo dinheiro no problema – a nova VW com (presidente-executivo Oliver) Blume é mais pragmática e humilde, procurando ajuda em outro lugar.”
A responsabilidade e os recursos para o desenvolvimento de um sistema operacional unificado para veículos em todo o Grupo Volkswagen – apelidado de arquitetura de software ‘2.0’ ou ‘veículo definido por software’ – serão centralizados na joint venture, trazendo a experiência da Cariad.
A Cariad também continuará desenvolvendo seus próprios projetos, incluindo software para direção automatizada, disse um porta-voz da Volkswagen.
O presidente-executivo da Cariad, Peter Bosch, disse em um post no LinkedIn na terça-feira (25) que o empreendimento envolvendo a Rivian vai acelerar os esforços de desenvolvimento de software da Volkswagen e reduzirá custos.
LEIA MAIS: IA, carro elétrico, ar-condicionado no talo: temos energia para tudo isso?
A parceria reflete aspectos de um acordo firmado entre a Volkswagen e a startup chinesa de veículos elétricos Xpeng em julho do ano passado para colaborar em software e uma plataforma de veículos elétricos específica para a China, embora, ao contrário da parceria Xpeng, Rivian e Volkswagen não desenvolverão modelos conjuntos.
Embora o software desenvolvido com a Xpeng se destine apenas ao uso na China, o software desenvolvido com a Rivian poderia tecnicamente ser usado em qualquer lugar, disse o porta-voz, acrescentando que os detalhes ainda não foram decididos.
As ações da Volkswagen caíram mais da metade nos últimos três anos, atingidas por preocupações de que o grupo possa ter dificuldades para competir com os ágeis rivais de veículos elétricos nos Estados Unidos e na Ásia.
As ações da Volkswagen caíam 2,5%, nesta manhã.
Alguns analistas levantaram preocupações sobre a dimensão do investimento. “Embora a transação possa fazer sentido estrategicamente… acreditamos que os investidores prefeririam que a VW vendesse ativos, e não os comprasse”, disse a Stifel Research.
Roger Atkins, da consultoria Electric Vehicles Outlook Ltd, também questionou se Volkswagen e Rivian eram compatíveis.
“Há a questão cultural – tentar combinar a abordagem de software ágil e verticalmente integrada e flexível da Rivian com a abordagem mais tradicional da Volkswagen de trabalhar com vários fornecedores e gerenciamento intermediário é como enfiar uma estaca quadrada em um buraco redondo”, disse ele.
(Reportagem adicional de Christoph Steitz)
Veja também
- BRF compra fábrica e passa a ser a primeira empresa de proteínas a produzir na China
- Argentina anuncia licitação para privatizar hidrovia Paraguai-Paraná
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029
- Enel prepara plano de investimentos para buscar renovação de suas concessões no Brasil
- Wall Street afunda com cautela de Powell e escolhas do gabinete de Trump