Finanças
Americanas pede recuperação judicial nos EUA
O movimento busca estender para os ativos nos EUA os efeitos protetivos do processo de recuperação judicial anunciado na semana passada.
A Americanas (AMER3) apresentou nesta quarta-feira pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, processo conhecido como “Chapter 15”, de acordo com documento judicial.
O movimento busca estender para os ativos nos EUA os efeitos protetivos do processo de recuperação judicial anunciado na semana passada e já aprovado no Brasil.
Apesar das ações da varejista estarem fora do Ibovespa, os papeis chegaram a avançar 30% na máxima do dia, após conseguir suspender na véspera o bloqueio de cerca de R$ 1,2 bilhão em poder do BTG Pactual, bem como o “arresto/sequestro dos valores reclamados pela companhia e que tinham sido bloqueados pelos Bancos Safra e Votorantim”.
O dinheiro bloqueado voltará a ser de propriedade da companhia, no entanto, deverá ser mantido em depósito judicial.
A varejista divulgou nesta quarta-feira uma lista de 7.720 credores, e dívidas totalizando R$ 41,2 bilhões, com o Deutsche Bank respondendo pela maior exposição à varejista.
A companhia, que tem como acionistas de referência o mesmo trio bilionário de investidores que fundou a 3G Capital, pediu recuperação judicial após revelar “inconsistências” contábeis. O movimento levou grandes investidores, como BlackRock e Capital International, a reduzirem suas posições na empresa.
Relembre o caso Americanas
No dia 11 de janeiro, a Americanas anunciou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões, o que resultou na renúncia dos então CEO e CFO da empresa.
Dois dias depois, credores pediram o vencimento antecipado das dívidas da companhia e notícias indicaram que os acionistas de referência propuseram um aumento de capital de R$ 6 bilhões, enquanto bancos credores exigiram um mínimo de R$ 10 bilhões. Na mesma data, a companhia conseguiu uma tutela de urgência na Justiça, suspendendo por 30 dias o vencimento antecipado das dívidas e quaisquer obrigações.
Posteriormente, o BTG Pacutal realizou um pedido para derrubar a medida, que foi indeferido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Em meio aos desdobramentos, a companhia teve sua nota de crédito rebaixada por agências de classificação de risco.
No dia 19 de janeiro, a Americanas divulgou um comunicado informando que entrou com o pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela Justiça horas depois. A varejista informou uma dívida junto aos credores que soma R$ 43 bilhões.
Após a notícia, a B3 informou que excluiu a varejista de todos os seus índices de referência, incluindo o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou a criação de uma força-tarefa com várias superintendências para analisar o caso. O órgão disse que buscava cooperação com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
O bloqueio de valores a pedido do BTG foi derrubado em decisão judicial dias após o pedido de recuperação judicial ter sido aceito pela Justiça.
Com Reuters
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