Finanças
Após Copom, número de empresas que podem pagar dividendos acima da Selic diminui
A quantia passou de 10 para três, se comparado à taxa anterior de 9,25%, de acordo com análise da XP Investimentos.
No último dia 2, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, Selic, em mais 1,5 ponto percentual, de 9,25% para 10,75% ao ano. Além de ser o maior ciclo de altas desde 2002, é a primeira vez desde 2017 que o indicador atinge os dois dígitos. Diante do novo cenário, o número de companhias que podem pagar dividendos acima da nova taxa caiu se comparado ao patamar anterior – de 9,25% -, de acordo com análise feita pela XP Investimentos.
Ao levar em conta as ações que fazem parte do univserso de sua cobertura, a casa de investimentos aponta três empresas que podem pagar um “dividend yield” (rendimento dos dividendos) acima da nova taxa de 10,75%. São elas: Petrobras (PETR3 e PETR4), Banco do Brasil (BBAS3) e Engie (EGIE3). Em relatório anterior, quando a Selic estava em 9,25%, a lista contemplava 10 ações. (Veja abaixo a comparação). “Apesar disso, continuamos construtivos na bolsa”, explicou e equipe da XP em relatório.
Fernando Ferreira, estrategista chefe e head do research da XP, Jennie Li, estrategista de ações, e Rebecca Nossig, analista de estratégia de ações, afirmaram que os rendimentos de dividendos acima da taxa de juros são vistos como uma boa oportunidade, já que os investidores têm uma “garantia” de retorno, além de seus possíveis ganhos com a performance da ação. “Ou seja, além da possibilidade de ganho de capital, o investidor conta também com uma rentabilidade adicional na forma de proventos”, disseram.
Para eles, as ações brasileiras devem se beneficiar de uma “tríplice” combinação de: rotação global de crescimento para valor; forte exposição a commodities, trazendo claros riscos de alta para os lucros, além de múltiplos de entrada muito baixos (preço por lucro projetado ao redor das mínimas dos últimos 10 anos).
Dividendos acima de Selic
Confira a visão dos analistas para as empresas:
Petrobras (PETR4)
A equipe da XP reiterou que a companhia vem reafirmando seu compromisso com o crescimento de produção no pré-sal, o programa de venda de ativos e o foco no retorno do capital. Além disso, coloca a Petrobras como uma das maiores pagadoras de dividendos atualmente. “Caso a companhia continue operando da forma que vem atuando nos últimos anos, vemos a soma dos dividendos de 2022 a 2026 totalizando 100% do market cap (valor de mercado)”. O yield de 20% aguardado para a companhia é maior, se comparado aos 14% dos pares russos e 4,2% das majors ocidentais, segundo os analistas.
Banco do Brasil (BBAS3)
Na visão da XP, a distribuição de dividendos do banco deve se tornar relevante, já que a empresa deve aumentar seu “payout” (percentual de distribuição do lucro) em um cenário de maior capitalização; recuperação de lucros; Previ I com superávit de R$ 22 bilhões e um atrativo de 0,6 vez o P/VP (preço de uma ação em relação ao valor do patrimônio líquido) para 2022.
Engie (EGIE3)
Para os analistas da XP, o desempenho inferior da Engie em relação ao Ibovespa em janeiro (3,4% versus 7,4% do indicador) está ligado aos recentes aumentos nas taxas de juros de longo prazo, implicando em pressão vendedora nos papéis do setor de utilities. “Dito isso, continuamos a acreditar que EGIE3 continua muito descontada. Acreditamos que a distribuição de dividendos da Engie se mantenha em 2022 para o patamar de distribuição de 100% dos lucros, tendo em vista à situação confortável de liquidez da companhia”, afirmaram.