Finanças
‘Quem não comprar IRB vai se arrepender’, diz Barsi após críticas da Squadra
Em entrevista ao InvestNews, ‘Rei dos dividendos’ rebate críticas de que a companhia estaria mal e defende que ela deve trazer bons frutos em 2022.
A resseguradora IRB Brasil (IRBR3) enfrenta um verdadeiro fogo cruzado no mercado. Por um lado, a companhia conquistou Luiz Barsi Filho como grande aliado. O maior investidor individual da bolsa brasileira recentemente aumentou sua posição na companhia e já detém 1,5% das ações da empresa. Segundo Barsi, ela já está reestruturada e nos próximos seis meses deve apresentar um desempenho diferente do visto hoje.
De outro lado, o IRB também ainda tem um algoz: a gestora Squadra, que apontou irregularidades nos balanços da companhia em 2020, questionando os lucros extraordinários da resseguradora. Cerca de um ano e meio após a crise da companhia, a Squadra divulgou uma nova carta no domingo (22), na qual reforçou sua aposta na queda das ações do IRB.
Segundo a gestora, o valor contábil por ação do IRB segue alto e, considerando os múltiplos, o papel está sendo negociado acima do valor justo. A Squadra também apontou que embora o IRB esteja ‘arrumando a casa’, há muitas dúvidas sobre a rentabilidade futura da companhia, pelo qual reforçam sua posição vendida.
Entre idas e vindas, no ano de 2021 as ações do IRB Brasil (IRBR3) acumulam queda de 38,39% segundo dados da Economatica Brasil, no mesmo período o Ibovespa, principal índice da B3, recua 1,30%.
No ano de 2020, foco central da crise de imagem da resseguradora, os papéis desabaram 76,88% enquanto o Ibovespa fechou o ano com alta de 2,92%.
O IRB, que nos seus tempos dourados já viu suas ações serem negociadas na casa dos R$ 44,90, em 22 de janeiro de 2020, negocia atualmente perto dos R$ 5.
Entre tanta incerteza, será que vale a pena comprar IRB? O que chamou a atenção do rei dos dividendos na companhia? Confira na entrevista a seguir:
InvestNews – Recentemente o senhor anunciou que aumentou sua posição em IRB para 1,5%. Isso representa em média 5% do seu patrimônio investido na resseguradora. Porque decidiu fazer este investimento?
Luiz Barsi Filho – A IRB já foi um papel que teve uma cotação muito alta, foi alvo de uma má gestão, gestores que foram acusados de fraudulência ao administrar as empresas e as ações, a companhia foi alvo de uma reestruturação muito importante.
Esta reestruturação foi significativa e teve um economista competente e experiente na área de seguros que é o Antônio Cássio dos Santos. Então após ler toda a história de reestruturação da companhia resolvi adquirir ações porque interpretei e considero que esta se recuperou e teremos resultados futuros positivos.
Então para nós que estamos acostumados a comprar papéis que são projetos futuros, IRB está representando esse fator, de um projeto que reúne perspectivas vantajosas para o futuro, inclusive sob o aspecto dos dividendos.
Só para esclarecer, até gostaria de fazer uma declaração aqui na entrevista. IRB Brasil está no preço de R$ 5 porque está sendo alvo de uma pressão extremamente desordenada. A base acionária da IRB é de 1,267 bilhão de ações, mas tem 135 milhões destas que estão alugadas ou locadas, isso significa que temos 135 milhões de ações vendidas ou a descoberto.
Esta pressão exercida de forma extemporânea significa que alguém está apostando violentamente na baixa do papel.
Eu não sou jogador, nossa postura é sempre de investidores de médio e longo prazo. Mas a sensação que eu tenho é que as pessoas estão batendo no papel, alugando e vendendo, com a esperança da ação cair para depois comprar mais barato.
IN$ – Aproveitando que falou sobre a pressão vendedora do mercado, recentemente Guilherme Aché, fundador da Squadra, apontou em evento que acredita que as ações da IRB vão cair mais e citou que o senhor, Luiz Barsi, não conhece a profundidade a resseguradora como a Squadra conhece. Qual é a sua posição sobre isso?
Luiz Barsi Filho – Eu acho o seguinte, com toda sinceridade e humildade, a Squadra teve uma participação fundamental quando IRB Brasil teve um gestor ruim. Agora a IRB tem um gestor diferente, então eu não parei de comprar ações da IRB, estou torcendo para que elas baixem de preço para comprar ainda mais ações.
Essa é a realidade, porque eu não estou enxergando o papel para daqui 15 minutos, estou enxergando a ação para um prazo acima de seis meses. Se a IRB tem um valor de mercado de em média R$ 6,6 bilhões, a companhia tem R$ 11 bilhões em caixa.
Eu analisei profundamente a perspectiva e o projeto de reestruturação e a minha função é analisar projetos que tenham uma perspectiva bem fundamentada para prosperar.
Então faço um agradecimento público a Guilherme Aché e à gestora Squadra por terem desvendado o papel que para mim vai ser uma maravilha.
IN$ – A companhia teve prejuízo de R$ 206,9 milhões no segundo trimestre de 2021. As ações atingiram sua mínima histórica de R$ 5,05 após o resultado. Isso não o preocupa, já que tem 5% do seu patrimônio alocado em IRB?
Luiz Barsi Filho – A definição de mercado é que mercado de valores é um mercado de risco, mas felizmente no Brasil é um mercado de oportunidades. E eu estou enxergando em IRB Brasil uma oportunidade extraordinária de ter uma valorização futura que vai me contemplar de forma extremamente generosa.
Isso é uma perspectiva minha, não estou falando para ninguém ir e comprar IRB, cada um vai analisar ao sabor da sua intenção, mas eu estou comprando. Estou comprando não para vender amanhã, na verdade eu não estou comprando a IRB Brasil e sim o projeto IRB, que já foi reestruturado.
Se IRB estivesse tão mal como a Squadra preconiza, então não estaria pagando dividendos como ainda está pagando. Eu procuro olhar os resultados e não as circunstâncias.
IN$ – O principal medo do investidor é que novos esqueletos do IRB saiam do armário quando se fala em governança. Considera que esses problemas já foram resolvidos? Como avalia a reestruturação da companhia?
Luiz Barsi Filho – Atuo há mais de 50 anos no mercado, então quando leio as notícias, não leio apenas o título e sim o texto, mas a maioria dos profissionais do Brasil olham só o título.
Se você for ler o texto, todas as notícias que saíram da IRB Brasil vai chegar a uma conclusão semelhante a minha ou até melhor.
A IRB Brasil tem um corpo de conselheiros extremamente positivo, competente e o presidente deste conselho é o economista Antônio Cássio dos Santos. Foi ele quem projetou essa reestruturação e eu acreditei e continuo acreditando na reformulação que ele fez, porque a IRB tem uma perspectiva muito boa.
Se você for comparar a IRB Brasil com outras ações do mercado como BB Seguridade (BBSE3), que custa quase R$ 20 reais, Porto Seguro (PSSA3), SulAmerica (SULA11), Caixa Seguridade (CXSE3), vai entrar de cabeça em IRB (IRBR3).
E estou entrando de cabeça em IRB por causa disso, tenho absoluta segurança que a companhia vai gerar um resultado muito significativo. E até digo, que as pessoas que não entrarem na ação vão se arrepender futuramente, como se arrependeram em outros projetos que eu entreguei e falaram que estava fazendo bobagem, mas eu não fiz.
E espero inclusive reeditar todas as boas compras que fiz no passado.
IN$ – Então acredita que IRB já conseguiu se recuperar e teremos bons resultados no médio e longo prazo?
Luiz Barsi Filho – IRB Brasil já está recuperada, não está mais em processo de recuperação. A companhia está sofrendo ao ter que se deparar com indenizações de seguro, tivemos a pandemia, houve muito seguro, quando uma empresa faz financiamento por exemplo, e o dólar sobe é obrigada a provisionar essa diferença.
Então eles provisionam o sinistro, agora o importante é a companhia ter caixa para pagar o sinistro. Então não é sobre o sinistro e sim sobre ter caixa para este.
A IRB tem um valor de mercado de mais de R$ 6 bilhões mas seu caixa supera os R$ 10 bilhões, então será que a resseguradora não vai ter grana no ano que vem?
Em relação a governança, esse não foi o principal problema da IRB e sim uma gestão fraudulenta. Os maiores controladores Bradesco e Itaú devem contratar um bom profissional para exercitar essa governança corporativa que seja capaz de conduzir a companhia ao seu destino certo.
IN$ – Em relação aos dividendos, o projeto Ações Garantem o Futuro, comandado pelo senhor e Louise Barsi tem como meta escolher companhias que entreguem um dividend yield de 6% ao ano. No caso da IRB, os dividendos foram impactados pela crise. Qual é a sua perspectiva sobre o retorno em dividendos?
Luiz Barsi Filho – Você já ouviu falar em dividendo comparativo, projetivo? Eu uso esses elementos como base. Quando comprei Suzano (SUZB3) a R$ 3,80, o yield dela era quase zero.
Então quando comprei outras ações o dividendo delas era nada, mas passaram a ter ótimos yields, então minha estratégia é essa comprar um yield projetivo.
E estou avaliando que para o futuro o yield da IRB será maravilhoso, porque veja hoje a companhia esta pagando 0,30 centavos de dividendos no semestre, provavelmente pague 0,60 centavos de dividendo no ano.
Se daqui há um ano ela chega a pagar R$ 2 de dividendo, qual seria meu yield? 30%?
Então eu não compro dividend yield para hoje, compro retorno em dividendos para o futuro. Se eu não acreditasse no potencial da IRB não estaria comprando.