Finanças
Bolsa fecha em queda, de olho em cenário fiscal; dólar sobe
Investidores seguem observando as negociações sobre novo auxílio emergencial.
A bolsa de valores brasileira fechou em queda nesta terça-feira (9), com os investidores atentos aos desdobramentos políticos em Brasília em meio a discussões sobre novas medidas de auxílio emergencial e persistentes incertezas fiscais. Já o dólar terminou o dia em alta contra o real, ajudado pela inflação de janeiro abaixo da mediana esperada pelo mercado, motivando ajustes nas apostas de alta da Selic em março.
LEIA MAIS:
- Morning Call: após máximas históricas, bolsa de NY recua; política pesa no IBOV
- Acompanhe mais cotações em tempo real
O principal índice da B3, o Ibovespa, caiu 0,19%, aos 119.472 pontos. Nesta semana, a bolsa tem queda acumulada de 0,64%, mas no ano há avanço de 0,38%. Já o dólar subiu 0,22%, a R$ 5,3824. Na semana, há leve recuo de 0,01% acumulado, mas em 2021 a moeda tem alta de 3,76%.
De acordo com análise técnica da equipe do Safra, o Ibovespa segue indefinido no curto prazo e encontrando dificuldades para superar a resistência em 120.300 pontos.
“Se conseguir superá-la, o índice entrará em tendência de alta no curto prazo e poderá subir em direção a 122.600 e 125.400 pontos. Do lado da baixa, o índice encontra o forte suporte em 114.700 pontos”, citou em relatório a clientes.
O dia foi marcado novamente por preocupações sobre as contas públicas. Em meio à repetida pressão dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado a favor do pagamento de um novo auxílio aos vulneráveis, o presidente Jair Bolsonaro confirmou na segunda-feira que a questão está em estudo.
O Congresso iniciou seus trabalhos investindo em duas frentes distintas de atuação, pressionando, de um lado, o governo por um auxílio emergencial aos mais vulneráveis durante a pandemia, e, de outro, na sinalização com pautas econômicas sem impacto fiscal imediato, em claro aceno ao mercado.
Inflação
Dados divulgados nesta terça mostram que os preços da energia elétrica iniciaram o ano em queda e ajudaram a aliviar a inflação oficial brasileira em janeiro para o menor patamar em cinco meses, embora ela permaneça acima do centro da meta em 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve em janeiro alta de 0,25%, depois de ter subido 1,35% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nesse cenário, apostas sobre quando o Banco Central começará a elevar a taxa Selic têm influenciado o mercado de câmbio. Em 2020, o real sentiu a pressão da redução do diferencial de juros entre o Brasil e outros países.
Na segunda-feira (8), o Ibovespa terminou o dia em queda de 0,45%, aos 119.696 pontos, puxada pelo recuo da Petrobras (PETR3 e PETR4) e descolando-se da tendência positiva dos mercados no exterior. O dólar fechou a R$ 5,3706, caindo 0,23%.
Destaques da bolsa
As ações PETR4 e PETR3 recuaram 2,03% e 2,6%, respectivamente, ampliando as perdas da véspera, em meio a receios entre agentes investidores sobre a política de preços da empresa de controle estatal. Nem a melhora do Brent, que fechou em alta de 0,88%, evitou o recuo dos papéis. No setor, PETRORIO (PRIO3) caiu 4,13%
SABESP (SBSP3) saltou 7,10%, a R$ 42,56, maior fechamento desde janeiro. Nota técnica da agência reguladora paulista sobre revisão tarifária da empresa de saneamento básico de São Paulo propôs tarifa média de R$ 4,8413 por metro cúbico. Considerando os parâmetros da Arsesp, o Bradesco BBI estimou que o reajuste fique perto de 17%.
EZTEC (EZTC3) cedeu 3,36%, após desistir do IPO de sua unidade de imóveis comerciais Ez Inc, citando condições de mercado. O sinal negativo também predominava entre seus pares, com o índice do setor imobiliário caindo 1,72%, pior desempenho entre os índices de ações setoriais da B3.
CVC BRASIL (CVCB3) perdeu 1,01%, após quatro membros do conselho de administração da empresa de turismo renunciarem, entre eles o presidente do colegiado. A companhia, que não detalhou a razão da saída dos conselheiros, convocou assembleia para 11 de março para aprovar novos membros.
VALE (VALE3) subiu 0,26%, revertendo a fraqueza do começo da sessão, com o setor de mineração e siderurgia fechando no azul. CSN (CSNA3) capitaneou os ganhos com alta de 2,43%, tendo no radar precificação do IPO da sua unidade de mineração na próxima sexta-feira.
Bolsas globais
Nos EUA, o índice Nasdaq escalou a uma nova máxima recorde de fechamento nesta terça-feira e o S&P 500 por pouco não engatou a sétima alta consecutiva, com investidores deixando ações de empresas de tecnologia de grande capitalização em prol de outros setores que devem se beneficiar do projeto de estímulo de US$ 1,9 trilhão proposto pelo governo Biden.
- O índice Dow Jones caiu 0,03%, a 31.376 pontos
- O S&P 500 perdeu 0,11135%, a 3.911 pontos
- O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,14%, a 14.008 pontos
As ações europeias fecharam em queda nesta terça, com um rali recente impulsionado pela esperança de recuperação econômica global mais rápida e a distribuição de vacinas mostrando sinais de arrefecimento. O índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,09%, a 410 pontos, depois de ter chegado a cair até 0,5% mais cedo.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,12%, a 6.531,56 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,34%, a 14.011,80 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,10%, a 5.691,54 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,54%, a 23.300,49 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,44%, a 8.101,00 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,30%, a 4.840,12 pontos.
O índice de blue-chips (ações mais negociadas) da China fechou no nível mais alto em 13 anos nesta terça-feira, com destaque para as ações de terras raras, com os investidores apostando em uma recuperação econômica mais rápida após o controle do ressurgimento das infecções por Covid-19 transmitidas localmente. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 2,19%, no maior nível de fechamento desde 15 de janeiro de 2008.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,40%, a 29.505 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,53%, a 29.476 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 2,01%, a 3.603 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 2,19%, a 5.686 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,21%, a 3.084 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX permaneceu fechado.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,13%, a 2.935 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,86%, a 6.821 pontos.
*Com Estadão Conteúdo e Reuters