Finanças
Com ETF que paga ‘dividendo’ de empresas de fora, gestora amplia estratégias
SPYI11 acompanha empresas do S&P500 e tem dividendos sintéticos de companhias como Apple e Microsoft.
“Acreditamos que o mercado de ETFs no Brasil está em seu primeiro estágio de crescimento.” A frase é de Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital, que lançou nesta terça-feira (14) um ETF (fundo de índice) que permite que o investidor brasileiro receba dividendos sintéticos de empresas listada na bolsa dos Estados Unidos. Enxergando espaço para crescimento desse tipo de produto no país, a a gestora já está trabalhando em outras estratégias.
O novo produto é o SPYI11, um ETF que permite ter acesso a proventos internacionais. A administradora é a Vórtx. A ideia é acompanhar o desempenho das 500 maiores empresas dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, gerar uma receita mensal ao investidor por meio de proventos como os dividendos distribuídos pelas companhias.
Como o investidor do ETF não se torna acionista das companhias, essa renda mensal se dá por meio dos dividendos sintéticos. “Ou seja, eles são gerados através de estratégias com opções e não apenas dos dividendos pagos pelas empresas”, complementa Nobile, afirmando que o objetivo é que o investidor tenha “uma renda mensal previsível e mais elevada do que apenas os dividendos pagos pelas empresas.”
“A gente vende opção de compra do índice S&P em prazos de até 2 meses, e aí com essas opções lançadas você ganha um prêmio, independente do mercado subir ou cair. E parte dele é utilizado como estratégia para pagamentos de proventos”, explica ele sobre o funcionamento dos “dividendos sintéticos”.
O ETF por trás do ETF
O SPYI11 replica o SPYI, ETF gerido pela NEOS nos EUA. “A estratégia fica comprada individualmente nas 500 empresas do S&P500”, explica Nobile.
Em 2023 até o dia 9 de novembro, o SPYI acumulava alta perto de 2%, contra 13% do S&P500.
As empresas de tecnologia são a principal exposição do SPYI atualmente. Apple (AAPL34) e Microsoft (MSFT34) correspondem, cada uma, a mais de 7% da composição da carteira, segundo a ficha informativa do ETF. Na sequência aparecem Amazon (AMZO34), com 3,47%, e Nvidia (NVDC34), com 2,95%.
Novidade no mercado
Bastante comum nos Estados Unidos, os ETFs que pagam dividendos são uma opção recente ao investidor brasileiro – foi liberado pela B3 em janeiro deste ano.
O SPYI11 é um dos primeiros da modalidade no Brasil. Antes, em setembro, o Nubank anunciou o lançamento do primeiro ETF da bolsa de valores brasileira com pagamento mensal de dividendos aos cotistas. Chamado Nu Renda Ibov Smart Dividendos (NDIV11), o produto é fruto de parceria da gestora de fundos de investimentos do banco digital, a Nu Asset Management, com a B3.
“Temos menos de 100 ETFs no Brasil, enquanto somente nos EUA, são milhares. Esse será o primeiro ETF da Buena Vista, mas já estamos trabalhando em outras estratégias inovadoras para o investidor brasileiro”, diz Nobile.
Na ponta do lápis
Com estratégia focada no longo prazo, o objetivo da Buena Vista é oferecer ao investidor do SPYI11 um retorno médio de 1% ao mês em proventos. Logo, para ter uma renda extra mensal de R$ 1 mil, por exemplo, seria necessário ter investido R$ 100 mil.
O ETF pagará proventos mensalmente, todo sexto dia útil. As cotas têm valor de R$ 100 cada e a taxa de administração é de 0,83% ao ano.
O investidor deve ficar atento ainda ao Imposto de Renda sobre ganho de capital na alienação das cotas: 15% pago pelo próprio investidor via DARF no mês subsequente à data em que vendeu suas cotas; sobre os proventos mensais, são 15% de IR cobrado diretamente na fonte.
É importante ter em mente também que, apesar de ter exposição cambial, já que o desempenho do ETF acompanha o que acontece no mercado norte-americano, os rendimentos do SPYI11 são pagos em reais.
Antes de investir, é recomendado que seja feita uma avaliação do perfil de risco. “Por ter exposição a ações, é importante o investidor ter o horizonte de longo prazo, devido a volatilidade desse mercado”, diz Nobile.
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