Finanças

Ibovespa fecha em queda em dia de exterior negativo, IPCA-15 e ata do Copom

No documento, o BC defendeu “atuação firme” para baixar inflação, com diretores divergindo sobre a dinâmica de preços no país.

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O Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, fechou em queda nesta terça-feira (26) em meio a um ambiente externo desfavorável a ativos de risco, enquanto o Banco Central no Brasil defendeu “atuação firme” para baixar inflação, com diretores divergindo sobre a dinâmica de preços no país. O dólar, por sua vez, subiu.

No dia, Ibovespa caiu 1,49% a 114.193 pontos. O dólar avançou 0,42%, negociado a R$ 4,9870.

Bolsa de valores, em São Paulo REUTERS/Paulo Whitaker

IPCA-15 em linha com o esperado

A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPC-15) subiu 0,35% em setembro ante alta de 0,28% em agosto, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça. A alta foi puxada pelo aumento dos preços da gasolina.

O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,38%.

Com isso, o IPCA-15 passou a acumular nos 12 meses um avanço de 5,0%, contra 4,24% no mês anterior. O economista Marco Caruso, do Pic Pay, comenta que o acumulado continua em tendência de alta. “De modo geral, a leitura qualitativa do indicador veio pior que o nosso esperado, o que não muda o fato de que os núcleos têm rodado em patamares consistentes com a meta nos últimos três meses”, disse.

Funcionário segura bomba de combustível em posto em São Paulo 08/11/2016 REUTERS/Paulo Whitaker

Rafael Costa, analista de estratégia macro da BGC Liquidez, disse que o IPCA-15 de setembro surpreendeu para baixo mas teve resultados conflitantes nos serviços.

“As surpresas baixistas, no nosso caso, ficaram concentradas no grupo de alimentação e industriais. Destacamos o grupo de serviços e serviços subjacentes apresentaram inflações maiores do que projetadas tanto por nós quanto pela mediana de analistas.”

Ata do Copom mais ‘dura’

Na manhã desta terça, o Banco Central divulgou a ata do Copom. O documento reforça a posição de que é necessária uma “atuação firme” para reduzir as expectativas de inflação.

“A instituição fechou, mais uma vez, de vez, a porta para ajustes mais intensos nos cortes da Selic até o final do ano e, quiçá, até o início do ano que vem”

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital

“A forma como essa ata foi desenhada, ela afasta de vez qualquer possibilidade de movimentos positivos, de surpresas positivas que poderiam levar essa condição da política monetária para um afrouxamento mais significativo do que nós vemos nesse momento”, diz Argenta.

Num geral, indicações de uma postura mais rígida por parte do BC na condução da política monetária – ainda que num momento de afrouxamento dos juros – costumam beneficiar o real.

“Acabam trazendo a expectativa de que o diferencial de taxa de juros no Brasil vai se manter mais favorável em relação às demais economias, o que contribuiria para a atração de investimentos financeiros para o país e ajudaria no fluxo de divisas”

Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX

Muitos participantes no mercado têm pontuado que, se o Copom continuar cortando os juros no ritmo atual, a Selic – atualmente em 12,75%, após dois cortes de 0,50 ponto percentual – ainda continuará em patamar suficientemente restritivo para apoiar a moeda local por um bom tempo.

Cenário externo

Lá fora, o foco segue sobre os juros nos Estados Unidos. Comentários de um presidente regional do Federal Reserve ajudaram a impulsionar o rendimento do Treasury de dez anos – o título de referência dos EUA que define o tom dos custos de empréstimos em todo o mundo – para o nível mais alto desde 2007 nesta terça-feira.

Isso, por sua vez, impulsionou o apelo do dólar, levando o índice da divisa norte-americana para o maior nível desde o final de novembro de 2022, movimento que contaminou os mercados globais.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices de Wall Street fecharam em forte queda nesta terça-feira, conforme os rendimentos do Treasury de 10 anos se mantinham nos maiores níveis em vários anos, com investidores ainda digerindo as perspectivas de um longo período de altas taxas de juros e as consequências econômicas.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 1,47%, para 4.273,67 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq perdeu 1,55%, para 13.065,30 pontos. O Dow Jones caiu 1,14%, para 33.618,13 pontos.

Europa

As ações europeias caíram pelo quarto dia nesta terça-feira, com os setores imobiliário e de tecnologia pressionadas pela alta dos rendimentos dos títulos, enquanto os temores em relação à economia chinesa levaram um indicador de nomes de luxo para o território do mercado em baixa.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,02%, a 7.625,72 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,97%, a 15.255,87 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,70%, a 7.074,02 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,00%, a 28.098,88 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,20%, a 9.366,90 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,29%, a 6.101,58 pontos.

Ásia e Oceania

As ações da China e de Hong Kong caíram nesta terça-feira uma vez que as preocupações econômicas e as tensões geopolíticas pesaram sobre o sentimento, com poucas negociações antes do feriado do Dia Nacional da China.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,11%, a 32.315 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,48%, a 17.466 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,43%, a 3.102 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,58%, a 3.692 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 1,31%, a 2.462 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 1,07%, a 16.276 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,01%, a 3.215 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,54%, a 7.038 pontos.

(*Com informações da Reuters.)

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