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Desafios regulatórios para as criptos em 2023

Devido à descentralização e multiuso das criptomoedas, autoridades centrais terão muita dor de cabeça para regular o setor

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*ARTIGO

O ano de 2022 trouxe uma série de acontecimentos desastrosos ao universo das criptomoedas, como do ecossistema da Terra (LUNA), que balançou o mercado em bilhões de dólares, o colapso das plataformas de empréstimos Celsius e Voyager e a falência da FTX, uma das maiores exchanges do mundo.

Tendo em vista que a maioria dessas empresas estavam operando sem normas ou em locais de jurisdição fraca, o ano de 2023 vem com fortes expectativas para acentuar ainda mais os aspectos — e desafios — regulatórios do mundo cripto.

Por exemplo, atualmente pelo menos 27 países, incluindo o Brasil, já desenvolvem ou de alguma forma já avançaram em regulação cripto, sendo a principal preocupação o risco monetário que a lavagem de dinheiro e evasão de divisas representam para o ecossistema financeiro.

Sendo assim, embora 2023 possa não ser tão agitado para as criptomoedas quanto 2022, é importante ficar por dentro das normas governamentais que estão cercando o setor. Afinal, elas podem causar muito impacto no mercado, seja pelo lado positivo ou negativo.

Regular o mundo cripto é uma tarefa difícil

Existe uma série de desafios em relação à discussão de uma regulação, visto que, além de assegurar a proteção aos investidores e evitar crimes como golpes financeiros, deve estabelecer as regras que não prejudiquem a autonomia dos usuários deste mercado. No entanto, os 4 aspectos regulatórios tendem a se destacar em 2023. São eles:

  • Regulação de títulos:

Muitas criptomoedas são consideradas títulos pelas autoridades reguladoras, o que significa que podem estar sujeitas a regulamentação como outros títulos, como ações e títulos de dívida. Esse pode ser um baita desafio regulatório global, especialmente quando pensamos que os conceitos de certo ou errado, normas e padrões culturais, variam amplamente de país para país.

  • Regulação de atividades ilegais:

Não é segredo para ninguém que alguns criptoativos, assim como outros meios, têm sido usados em atividades ilegais, como lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo. Isso pode levar as autoridades reguladoras a instituir medidas excessivamente restritivas ou desproporcionais para tentar prevenir tais práticas.

  • Proteção ao consumidor:

Os ativos digitais podem ser complexos e voláteis, o que pode levar as autoridades reguladoras a implementar medidas para proteger os consumidores de perdas financeiras. Com isso, é possível que surjam regulamentações sobre como as criptomoedas são vendidas e publicadas, bem como regras para as exchanges sobre a segurança dos ativos digitais que fornece.

  • Integração com o sistema financeiro tradicional:

As criptomoedas têm o potencial de se integrar com o sistema financeiro tradicional, como os bancos e os mercados de câmbio, podendo levar autoridades reguladoras a adotar medidas para garantir que essa integração seja feita de maneira segura e eficiente, gerando mais custos e burocracias para o setor.

Esses são apenas alguns dos principais desafios regulatórios que o ecossistema cripto pode enfrentar tanto em 2023 quanto nos próximos anos. Contudo, dependendo das mudanças nas leis, inovações do setor e acontecimentos do criptomercado, é provável que outros obstáculos surjam.

Autoridades criando seu próprio Cavalo de Troia

Gostando ou não, a regulamentação das criptomoedas também pode “consolidar” esse mercado e pode elevá-lo a outro patamar e, de todo modo, não custa lembrar que a regulamentação das criptos não muda sua natureza e nem sua tecnologia.

Olhando o lado cheio do copo, normas e regras podem atrair potenciais investidores, incentivar o uso em estabelecimentos e gerar diversas oportunidades interessantes para desenvolver ainda mais esse ecossistema.

Com a regulamentação, é possível que exista maior convergência entre o mercado tradicional e o mundo cripto, o qual pode atrair mais capital institucional para o setor, despertar interesse dos mais conservadores e até mesmo gerar novos negócios e empregos

Sendo assim, a regulação pode até mesmo servir “Cavalo de Troia”, pois a liberdade e privacidade em cada transação com cripto se mantêm as mesmas. Com ela ou sem ela, o bitcoin (BTC) ou outras moedas digitais continuam descentralizadas, funcionando independente de governos ou meios reguladores.

Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano.

*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.

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