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FIDC de dívidas da Eletrobras possuía o maior número de investidores até maio

Dados da Quantum Finance mostram que fundo tinha 249 investidores. Com apenas um cotista, FIDC da Havan possuía o maior valor investido.

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Um levantamento sobre os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) mostra que o BR Eletro FIDC Sênior 1 era o fundo com maior número de investidores nesta categoria de investimento até o mês de maio. A data é a última carteira divulgada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). (Veja abaixo a lista dos dez mais comprados)

É importante lembrar que pessoas físicas ainda não podem acessar este tipo de fundo, destinado exclusivamente para investidores qualificados (aqueles com mais de R$ 1 milhão) e institucionais. Portanto, quem investe em FIDCS da B3 são outros fundos de investimento.

O FIDC com dívidas da Eletrobras (ELET3, ELET6), que possui mais de R$ 2,2 bilhões investidos, foi comprado por um total de 249 fundos de investimentos. A Eletrobras, maior empresa de energia da América Latina, foi privatizada em junho. Os dados exclusivos do InvestNews foram obtidos por um levantamento realizado pela Quantum Finance. Veja a seguir a lista dos Fidcs com mais investidores:

O investimento em renda fixa, que tem uma remuneração com taxa pré-definida, aplica em títulos de crédito criados a partir de contas a receber de uma determinada empresa ou instituição, sendo conhecido como uma categoria de ativos que costuma atrair a atenção de investidores mais experientes no mercado financeiro.

“O FIFC que oferece uma rentabilidade maior, com um menor risco, ou seja, cujas cotas tenham um rating melhor, e uma boa liquidez, terá sempre a preferência do investidor”, afirmou João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos.

De acordo com Peixoto Neto, o fato do BR Eletro FIDC Sênior 1 ter sido o fundo com maior número de investidores até o mês de maio não tem qualquer relação com a privatização da estatal energética.

“As gestoras de fundos que investiram no FIDC devem ter visto que as cotas colocadas publicamente da classe sênior oferecem uma boa rentabilidade para um baixo risco.”

O Farm Syngenta Agronegócio I FIDC Sênior 1 possui 207 fundos investidores e ficou na segunda posição do ranking. Com quase R$ 530 milhões investidos, essa operação é uma securitização de direitos creditórios do agronegócio, originados de compras a prazo de insumos de proteção de cultivos da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda, de sementes da Syngenta Seeds Ltda. e de outros insumos agrícolas não produzidos pela Syngenta, mas por seus clientes que são produtores rurais e revendedores de insumos para agricultores de menor porte e cooperativas.

“Verificamos que as cotas possuem um rating AAA, com data de encerramento para novembro de 2023. Portanto, um baixo risco, boa liquidez e rentabilidade de CDI + 1,35%”, explicou o CEO da Ouro Preto sobre a alta procura pelo FIDC agro.

Na terceira posição, com 205 fundos de investidores, está o Saneago IV FIDC Infraestrutura Sênior 1. Com investimento de R$ 37 milhões, o FIDC é uma segurança de faturas futuras relacionadas à prestação de serviços de saneamento de Goiás SA.

FIDC exclusivo tem maior valor investido

O Havan FIDC 1, que tem o fundo DAVOS FIM CP como cotista exclusivo (quem atua como captador de recursos junto ao público final de investidores) era o FIDC com maior valor investido, segundo dados do levantamento.

O montante era superior aos R$ 2,4 bilhões. Segundo o especialista da Ouro Preto, não há uma relação direta entre volume investido e quantidade de fundos, já que é possível ter um número grande de fundos investindo pequenos valores ou alguns poucos grandes fundos investindo altas somas.

Questionado sobre qual seria o FIDC mais vantajoso, ele afirma que o número de investidores do fundo pode ser um bom parâmetro, porque, segundo ele, pode-se pressupor que um investimento é melhor “se houver um número maior de gestores de fundos que o estejam analisando e decidindo pela aplicação.”

O que é um FIDC?

O FIDC é uma sigla para Fundo de Investimento em Direitos Creditórios e funciona como um fundo de investimento tradicional. Ele reúne recursos financeiros de diversos investidores para uma aplicação em conjunto. De acordo com a lei, 50% do patrimônio líquido do fundo precisa ser aplicado em direitos creditórios, ou seja, créditos que as empresas têm a receber.

Alguns tipos de direitos creditórios são aluguéis, cheques, duplicatas ou valores que foram parcelados no cartão de crédito. Essas dívidas são convertidas em títulos e vendidas a terceiros. 

Quando alguém investe nesse tipo de fundo, está adiantando os pagamentos desses créditos para a empresa. Por isso, recebe o dinheiro de volta corrigido por uma taxa de juros.

Podem se tornar ativos de um FIDC créditos originados de transações em diferentes segmentos, como comercial, financeiro, industrial, prestação de serviços e imobiliário.

Por que o último dado disponível é do mês de maio?

A data da última carteira divulgada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi no mês de maio. A suposta demora para a publicação ocorre porque é feita uma pesquisa sobre negociações privadas envolvendo cotas desses fundos.

“As cotas desses fundos não estão listadas em ambiente de bolsa ou em mercado de balcão dinâmico para apurar on-line todas as operações realizadas e todas as características, de forma instantânea, das operações secundárias realizadas, como acontece na bolsa de valores.”

Peixoto Neto

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