Finanças

Fundos de crédito privado remuneram acima do CDI nos último 6 meses

Levantamento da Quantum Finance aponta que os papeis foram mais vantajosos que a média de CDBs, Fundos DI e Tesouro Selic.

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Os fundos de crédito privado – aqueles que investem em títulos de dívida das empresas – ofereceram retornos médios acima de outros papeis de renda fixa. Pelo menos nos últimos seis meses encerrados no dia 2 de agosto, eles superaram o retorno de Certificados de Depósito Bancário (CDBs), fundos de renda fixa referenciado (DI) e Tesouro Selic, apontou levantamento da Quantum Finance.

De acordo com o levantamento, os fundos de crédito privado retornaram ao investidor 7,96% no período avaliado, contra 6,44% do CDI em igual período. Fundos DI e o título do Tesouro Selic com vencimento em setembro de 2024 remuneravam 6,45%, enquanto os CDBs indexados ao CDI retornaram, na média, 6,97%. Veja abaixo:

Apesar da volatilidade sofrida com os eventos envolvendo Americanas (AMER3) e Light (LIGHT3), os fundos de crédito privado seguem como uma alternativa para superar o CDI e a inflação. Em um período em que o Banco Central sinaliza fazer mais cortes na taxa básica de juros, os investidores que ainda não se sentem confortáveis em tomar risco na renda variável podem ver vantagens nos maiores retornos oferecidos na modalidade.

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Para os analistas Rodrigo Sgavioli e Clara Sodré, ambos da XP, o pior parece ter ficado no passado no que tange ao cenário para os fundos de crédito privado high grade (com menor risco de calote), tanto quanto à volatilidade dos ativos quanto ao fluxo de resgates por parte dos investidores.

Mas os especialistas destacam ser necessário cautela e seletividade, “dado o cenário atual no qual a taxa Selic se manterá em patamares ainda elevados por meses à frente, o que pode seguir onerando o custo de capital das empresas, além de ainda haver alguma volatilidade mais pontual no mercado de crédito, em setores ou papéis específicos.

“Em termos de alocação, estamos construtivos com os gestores de fundos de crédito, que parecem ter atravessado uma dura arrebentação ao longo da primeira metade de 2023 e agora seguirão ainda mais diligentes na originação, monitoramento e gestão dos seus portfólios”.

Rodrigo Sgavioli e Clara Sodré, da XP.

Segundo os analistas, a recuperação da categoria se deu em meados de maio, quando houve queda no volume de resgates dos fundos, normalização do mercado secundário, melhora nas perspectivas de emissões no mercado primário e fechamento generalizado dos spreads de crédito (diferença de rentabilidade do CDI).

“O movimento pode ser explicado tanto pela ausência de novos eventos negativos relevantes no mercado de crédito, quanto pela retomada de emissões do mercado primário”, apontaram.

Ainda segundo os analistas, este movimento foi mais intenso nos títulos de alta qualidade (que foram os mais penalizados pelos movimentos recentes), e menos relevante nos emissores mais arriscados.

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O fluxo de resgates dos fundos de crédito (que tenham pelo menos 15% do patrimônio líquido em crédito privado e no mínimo 5% em debêntures) apresentaram estabilização, já que o fluxo total de saída registrado em junho (R$ 4,6 bilhões) segue abaixo dos patamares vistos entre janeiro e maio, quando a média foi de R$ 27 bilhões. 

A amostra da XP em parceria com a JGP apontou que foram analisados 918 fundos, que juntos somam um patrimônio de quase R$ 1 trilhão. 

Ainda assim, os analistas orientam ter atenção aos títulos muito longos que ofereçam taxas excessivamente altas, sendo estes considerados com maior risco de crédito. Setores alavancados também precisam de lupa na hora da escolha do papel.

Entenda a ‘crise’ dos fundos de crédito

Fundos de crédito privado que mantinham exposição em Americanas e Light foram impactados após as empresas entrarem em recuperação judicial. Isso fez os títulos e ações das empresas registrarem quedas abruptas.

Com a menor confiança por parte dos investidores, aumentaram os pedidos de resgate, o que fez o caixa de alguns fundos ficar comprometido para o cumprimento dos depósitos. Os principais bancos do país tiveram de fazer provisões contra perdas.

Muitos investidores passaram a perder a confiança nas empresas brasileiras, assim como questionar o discurso de que foram “colapsos isolados”.

A questão é que, nas semanas que se seguiram ao pedido de recuperação judicial da Americanas, Marisa Lojas (AMAR3e CVC Brasil (CVCB3) contrataram assessores financeiros para reestruturar suas dívidas. Já a Oi (OIBR4) entrou em sua segunda recuperação judicial.

Na época, gestores aconselharam cautela aos investidores.

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