Finanças
Gringos vendem R$ 13,2 bi em ações em agosto, maior saque desde a pandemia
Saída de investidores estrangeiros da bolsa brasileira foi a maior desde março de 2020.
Não foi “do nada” que o Ibovespa capotou 5% em agosto, mês que também ficou marcado pela sequência inédita de 13 pregões seguidos em queda. Os investidores estrangeiros estiveram entre os responsáveis por esse desempenho, ao venderem R$ 13,2 bilhões em ações já listadas (mercado secundário) na B3.
Portanto, o montante não considera operações de ofertas de follow on nem de oferta inicial de ações (IPO). Nesse caso, o saldo negativo de agosto deste ano é o maior desde março de 2020. Trata-se do mês que ficou marcado pelo impacto da pandemia de covid-19 nos mercados globais.
Para quem não se lembra, foi quando o Ibovespa registrou o segundo pior resultado mensal da história do índice acionário, atrás apenas de agosto de 1998, e um número recorde de acionamento de circuit breakers em um único mês. Foi também quando houve a retirada mensal de R$ 24,2 bilhões em recursos externos da B3 que, aliás, ainda é histórica.
Confira no gráfico o fluxo de investidores estrangeiros na B3 (exceto IPO + follow on):
No entanto, considerando-se o fluxo de capital externo na renda variável brasileira no mês passado como um todo (mercado secundário + IPO e follow on), o saldo nessa conta ficou negativo em R$ 10,4 bilhões. Nesse caso, conforme informações da B3, trata-se do maior déficit de recursos estrangeiros desde março de 2021 (vide gráfico acima).
Retrospectiva do mês
Seja como for, agosto de 2023 foi, até então, o mês em que os gringos mais venderam do que compraram ações brasileiras neste ano, com apenas quatro sessões de ingresso diário de recursos (vide gráfico abaixo). O montante supera os saques realizados em maio, março e fevereiro – meses de 2023 em que o saldo nessa conta também ficou negativo.
Ou seja, os gringos inverteram a mão e interromperam dois meses seguidos de ingressos de recursos externos na B3. Ainda assim, o saldo de capital externo em 2023 até o mês passado segue positivo, em R$ 10,92 bilhões. Tal valor não inclui o ingresso de R$ 10,6 bilhões em operações de follow on e IPO.
Locais chegam
Em meio à forte saída dos estrangeiros, os investidores locais aproveitaram para voltar às ações domésticas, ainda que com apetite moderado. Afinal, agosto também foi o mês que marcou o início do ciclo de queda da taxa Selic, com o Comitê de Política Monetária (Copom) indicando novos cortes ao ritmo de 0,50 ponto porcentual (pp).
Dados da B3 mostram que o investidor individual (pessoa física) alocou R$ 4,60 bilhões nas ações listadas, elevando o superávit no ano para R$ 6,83 bilhões. Já os investidores institucionais (bancos, corretoras e fundos etc.) ingressaram com R$ 5,44 bilhões no mês passado, reduzindo o déficit anual para R$ 28,19 bilhões.
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