O Ibovespa perdeu força e fechou em queda novamente nesta quinta-feira (17), cravando 13 pregões seguidos de queda – marca histórica para o indicador. A ação da Vale, no entanto, amenizou as perdas. O dólar fechou em leve em queda após oscilar durante o dia, de olho no cenário externo, após o banco central da China indicar que pretende dar suporte à recuperação da economia do país.
O Ibovespa caiu 0,53%, aos 114.982 pontos. O dólar recuou 0,1%, a R$ 4,9813.
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“Podemos justificar essa queda (do Ibovespa) através de um misto de realização de lucros por parte dos investidores – principalmente estrangeiros – que carregavam posições compradas desde os 100 mil pontos”, diz Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.
“Em algum momento, essa realização haveria de acontecer e o estopim foi o risco de uma recessão global por conta da dificuldade da China.”
Cenário externo
Em relatório sobre a implementação da política monetária do segundo trimestre, o Banco do Povo da China afirmou que “alavancará melhor as funções duplas das ferramentas agregadas e estruturais de política monetária e apoiará firmemente a recuperação e o desenvolvimento da economia real”.
A indicação do BC chinês surge após o país apresentar, nos últimos dias, uma série de dados econômicos considerados fracos, pressionando as moedas de países exportadores de commodities, como o real.
Nos Estados Unidos, dados mostraram que os pedidos de auxílio-desemprego na última semana atingiram 239 mil, quase em linha com os 240 mil projetados por economistas ouvidos pela Reuters.
O resultado não alterou em um primeiro momento o rumo dos ativos, embora os investidores sigam atentos a todos os indicadores norte-americanos, em busca de pistas sobre os próximos passos da política monetária do Federal Reserve (Fed).
“Hoje (quinta-feira) o mercado não tem uma agenda tão significativa”, pontuou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Eles (investidores) se apoiam mais à questão macro, à questão da China ainda pegando no setor da construção civil”, acrescentou.
Cenário interno
No Brasil, as atenções seguem sobre os desdobramentos da tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso brasileiro. O relator do arcabouço na Câmara, deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), disse nesta quinta que a definição da data para a votação da matéria na Casa dependerá de uma reunião na residência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na próxima segunda-feira, com líderes partidários e representantes do governo federal.
Além disso, em entrevista ao site “Poder360” nesta quinta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a “barra” estabelecida pela instituição para fazer algo diferente de cortes de 0,50 ponto percentual na Selic à frente é “alta”. Na prática, ele reforçou a sinalização, presente nas comunicações mais recentes do BC, de que os próximos cortes devem ser de meio ponto percentual.
Dos indicadores internos, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou mais cedo que o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) registrou queda de 0,13% em agosto, depois de recuar 1,10% no mês anterior, com a deflação perdendo força diante da retomada da pressão dos preços de algumas commodities.
A expectativa da pesquisa da Reuters para a leitura mensal do indicador era de taxa negativa de 0,25%.
Com o rendimento dos Treasurires em alta no exterior e o IGP-10 menos deflacionário, a curva de juros brasileira registrava leve alta nesta manhã entre os contratos mais longos, após terem aberto em queda.
Destaques da B3
Vale
A ação da Vale (VALE3) subiu 1,41%, após fechar na véspera no menor patamar desde setembro de 2022, vindo de sete sessões de queda, período em que acumulou um declínio de mais de 7%.
De pano de fundo, o contrato futuro do minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE), na China, encerrou as negociações do dia em alta de 4,34%, para 768,5 iuanes (US$ 105,15) a tonelada, a maior cotação desde 26 de julho. O BTG Pactual também reiterou recomendação de compra para as ações, citando recuperação operacional, entre outros fatores.
Petrobras
A ação PETR3 caiu 0,75% e a PETR4, 0,32%, perdendo força após renovar máxima intradia histórica no melhor momento, quando alcançou R$ 32,19, beneficiada pela alta do petróleo no exterior.
Nessa semana, a companhia aumentou os preços dos combustíveis no país e seu presidente afirmou que a empresa não repetirá erros do passado relacionados a preços de combustíveis e contratações de obras. Na semana, até o momento, o papel sobe quase 5%.
Sabesp
A ação SBSP3 subiu 1,3%, após a Prefeitura da cidade de São Paulo assinar termo de adesão à Unidade Regional de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário 1 – Sudeste, um passo considerado pelo mercado como importante para o andamento da privatização da maior empresa de saneamento do Brasil.
Na véspera, os papéis subiram 5,5% após o governador do estado mudar via decreto sistema de governança sobre os serviços de saneamento no âmbito do marco do saneamento, concedendo mais peso de representação às regiões metropolitanas.
Juros futuros
As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quinta-feira em alta no Brasil pela quarta sessão consecutiva, em especial na parte longa da curva a termo.
“O movimento dos juros no Brasil é bem semelhante ao dos EUA hoje (quinta-feira). Por lá, o rendimento do contrato de dois anos era negociado perto do zero, enquanto o de dez anos avançava”, pontuou durante a tarde o analista Lucas Serra, da Toro Investimentos.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,445%, ante 12,452% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,54%, ante 10,515% do ajuste anterior. Na ponta longa, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,14%, ante 10,049% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,345%, ante 10,233%.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street fecharam em baixa após negociações instáveis nesta quinta-feira, depois que perdas nas ações de saúde ofuscaram ganhos das ações da Cisco e de energia, enquanto dados econômicos otimistas mantiveram vivos temores de que a taxa de juros permaneça alta por mais tempo.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,79%, para 4.369,74 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq cedeu 1,18%, para 13.315,97 pontos. O Dow Jones caiu 0,85%, para 34.469,88 pontos.
Europa
As ações europeias caíram nesta quinta, depois que uma série de balanços decepcionantes pesaram sobre o sentimento, bem como a alta dos rendimentos dos títulos em mais sinais de que os principais bancos centrais manterão as taxas de juros elevadas por mais tempo.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,63%, a 7.310,21 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,71%, a 15.676,90 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,94%, a 7.191,74 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,03%, a 27.879,35 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,78%, a 9.278,00 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,51%, a 5.980,69 pontos.
Ásia e Oceania
As ações da China tiveram pequenos ganhos e o mercado de Hong Kong reduziu as perdas iniciais para terminar estáveis nesta quinta-feira, enquanto os investidores aguardam medidas de estímulo de Pequim para impulsionar a recuperação econômica do país.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,44%, a 31.626 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,01%, a 18.326 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,43%, a 3.163 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,33%, a 3.831 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,23%, a 2.519 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,42%, a 16.516 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,52%, a 3.196 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,68%, a 7.146 pontos.
(* com informações da Reuters)
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