Finanças
Ibovespa e dólar fecham em alta, de olho em IPCA e Selic
Mercado repercutiu novas reduções das expectativas de inflação do Boletim Focus.
O Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, fechou em alta nesta segunda-feira (03) em movimento endossado pelo avanço de ações de siderúrgicas e mineradoras, em particular a da Vale (VALE3), além de nova melhora nas projeções de inflação e para a taxa básica de juros no país. Já o dólar, após oscilar durante o dia, também encerrou a sessão em alta.
- Cotação do dólar hoje
- Cotação do Ibovespa hoje
- Cotação de criptomoedas hoje
No dia, o Ibovespa avançou 1,34%, aos 119.673 pontos. Já o dólar subiu 0,39%, a R$ 4,8078.
Destaques do Focus
Analistas do mercado reduziram suas estimativas para a inflação até 2026 e passaram a ver maior afrouxamento monetário neste ano, de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda.
“A mudança de meta de inflação promovida recentemente (para meta contínua), ajudou na ancoragem das expectativas de inflação para baixo. Isso ajuda o nosso cenário de longo prazo, embora dê combustível para o BC antecipar cortes na Selic, que diminuiu nosso diferencial de juros”.
Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa agora é de que a taxa básica de juros Selic encerre 2023 a 12%, de 12,25% esperados antes.
Na última reunião, o BC deixou a Selic em 13,75%, mas indicou na ata desse encontro a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário “parcimonioso” na próxima reunião, em agosto.
O Focus mostra que os economistas seguem vendo em agosto um corte de 0,25 ponto percentual, o que já era esperado, mas passaram a ver agora três cortes sucessivos de 0,5 ponto percentual nas reuniões seguintes até o final do ano. Antes a projeção era de dois cortes de 0,25 ponto em agosto em setembro, seguidos de mais duas reduções de 0,5 ponto.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda reduções na perspectiva para a inflação de 2023 a 2026, com a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimada abaixo de 5% este ano.
As previsões agora são de inflação de 4,98% em 2023, 3,92% em 2024, 3,60% em 2025 e 3,50% em 2026. Na pesquisa anterior, as estimativas eram respectivamente de 5,06%, 3,98%, 3,80% e 3,72%.
Expectativas para o dólar
A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Além disso, uma redução dos juros tende a elevar o otimismo em relação ao crescimento econômico num prazo mais longo.
“Com a inflação perdendo força, o Banco Central pode promover quedas mais contundentes na Selic e isso em tese fecha o diferencial (de juros) e o dólar subiria, então eu acho que esse paradoxo acaba sendo explicado pelo seguinte: o mercado está apostando no Brasil agora para médio e longo prazo, e não apenas no diferencial na conta financeira de curto prazo”, explicou Bergallo sobre o recente fortalecimento do real mesmo diante da perspectiva de afrouxamento monetário em breve.
Soma-se a tudo isso “um cenário local positivo, principalmente pela possibilidade de aprovação de pautas importantes no Congresso – como a reforma tributária, que ajuda o quadro fiscal – bem como pela bolsa ainda barata“, completou o especialista.
Cenário externo
No exterior, o dólar rondou a estabilidade contra uma cesta de moedas fortes, com o provável caminho de política monetária do Federal Reserve (Fed), cujas autoridades têm sinalizado mais duas altas de 0,25 ponto percentual nos juros dos Estados Unidos este ano, dominando as atenções.
“A expectativa de novos aumentos pelo Fed continuam crescendo, mas até agora isso tem ajudado pouco o dólar, em parte porque as expectativas de alta dos juros estão aumentando em todos os países do G10”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
Na quarta-feira, o Fed divulgará a ata de seu último encontro, quando decidiu pausar um intenso ciclo de aperto monetário, o que Moutinho descreveu como um dos destaques da semana, além da publicação, na sexta-feira, de um importante relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll.
“A chave para o relatório do mercado de trabalho americano será se veremos algum indício de aceleração do crescimento dos salários, o que poderia fornecer suporte posterior ao dólar”, afirmou o analista.
Bolsas mundiais
Wall Street
O S&P 500 fechou com pouca alteração em uma sessão encurtada nesta segunda-feira devido a feriado no dia seguinte, iniciando a segunda metade do ano de forma moderada, com os ganhos da Tesla e das ações de bancos sendo compensados pela fraqueza no setor de saúde.
De acordo com dados preliminares, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,02%, a 34.414,62 pontos. O S&P 500 ganhou 0,11%, a 4.455,13 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 0,21%, a 13.816,93 pontos.
Europa
Ações europeias desfizeram ganhos no fechamento e encerraram em baixa nesta segunda-feira, com a AstraZeneca liderando as quedas entre os papéis de saúde que ofuscaram os ganhos da Generali e de mineradoras impulsionadas por esperanças de mais políticas de estímulo da China.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,21%, a 460,98 pontos, após reverter ganhos de cerca de 0,4%, para começar o primeiro dia da segunda metade do ano com um declínio.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,06%, a 7.527,26 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,41%, a 16.081,04 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,18%, a 7.386,70 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,77%, a 28.446,90 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,54%, a 9.644,80 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 1,15%, a 5.988,18 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações da China fecharam em alta nesta segunda-feira diante de expectativas de mais afrouxamento monetário, depois que o banco central do país disse que implementaria uma política monetária prudente de “maneira precisa e vigorosa” para apoiar o crescimento econômico e o emprego.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,70%, a 33.753 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 2,06%, a 19.306 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 1,31%, a 3.243 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 1,31%, a 3.892 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 1,49%, a 2.602 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 1,00%, a 17.084 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,04%, a 3.207 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,59%, a 7.246 pontos.
(* com informações da Reuters)
Veja também
- Na contramão dos EUA, Ibovespa recua após vitória do Trump
- A bolsa tinha tudo para decolar em 2024, mas a Selic estragou a festa
- Embraer sobe 715% em 4 anos, quase tanto quanto a Nvidia. Entenda as razões
- Ibovespa recua 1,27%, a 125,8 mil pontos; dólar cai 0,44%
- Dólar fecha a R$5,736, alta de 1,43%; Ibovespa cai 0,2%