Finanças
Ibovespa cai 2,8%, aos 105 mil pontos; dólar sobe de volta para faixa de R$ 5
Mercado acompanhou recuo de Wall Street e reagiu à decisão de política monetária do Banco Central brasileiro.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em forte queda nesta quinta-feira (5), em linha com o movimento de ações em Nova York. O mercado ainda repercutiu a decisão do dia anterior do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, em movimento de correção após o clima positivo da véspera. O dólar, por sua vez, disparou e voltou a fechar acima de R$ 5.
No dia, o Ibovespa recuou 2,81%, aos 105.304 pontos – após chegar a cair 4,08% na mínima do dia, aos 103.923 pontos. Com isso, o indicador chegou a perder a alta que acumulava em 2022 até agora, registrando perdas de 0,12% no ano.
Já o dólar avançou 2,38%, negociado a R$ 5,0166.
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O mercado brasileiro seguiu a forte queda dos índices em Wall Street, com investidores na expectativa por mais avanço dos juros nos Estados Unidos. Na quarta-feira (4), o Fed anunciou um aumento de 0,5 ponto percentual, levando a taxa básica do país a uma faixa entre 0,75 a 1% ao ano.
Na sequência, o chefe do Fed, Jerome Powell, disse em entrevista que as autoridades do Fed não estão “ativamente” considerando uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros nas próximas reuniões de política monetária.
A declaração acalmou os mercados na quarta, inclusive no Brasil, onde o Ibovespa mudou de rumo e fechou em alta e o dólar terminou o dia em queda sobre o real. Nesta quinta-feira, porém, as expectativas por mais velocidade na alta de juros nos EUA voltou a ganhar força. Operadores viam chance de 75% de uma alta de juros de 75 pontos-base pelo Fed em sua reunião de 15 de junho.
“Eu diria que os mercados não estão comprando o Fed ‘dovish’ (menos inclinado a forte alta dos juros)”, disse Callie Cox, analista de investimentos nos EUA da eToro.
“Tivemos muitas autoridades do Fed falando e eles basicamente foram para o ‘tudo ou nada’ e disseram que os aumentos das taxas precisam acontecer mais rapidamente e acontecer agora. Então, faz sentido que os investidores estejam voltando a esse lugar de medo de que o Fed poderia fazer muito mais do que imaginavam para combater a inflação.”
Roberto Coutinho, gestor de fundos e fundador da Escola da Fortuna, comenta que “o mercado acordou se questionando sobre qual será a velocidade do aperto monetário e, consequentemente, o que poderia aprofundar mais a crise econômica mundial”.
“Já é quase consenso que teremos uma forte crise em 2022. A questão que paira no ar é qual a magnitude e intensidade da crise que teremos nesse ano.”
Cenário interno
No Brasil, o mercado reagiu à decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, divulgada na noite de quarta, que elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 12,75%, como esperado. O Bc ainda indicou alta de menor magnitude na próxima reunião, sem especificar quanto ou se isso representaria o fim do ciclo.
Balanços corporativos também movimentam a sessão, incluindo reação aos resultados das siderúrgicas CSN e Gerdau e expectativa pelos números da Petrobras à noite.
Bolsas mundiais
Wall Street
As ações dos Estados Unidos fecharam em forte queda nesta quinta-feira em meio às preocupações de investidores de que a elevação da taxa de juros do banco central dos EUA não será suficiente para domar a inflação crescente.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 3,51%, para 4.149,31 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 4,90%, para 12.329,65 pontos. O Dow Jones caiu 3,03%, para 33.027,99 pontos.
Europa
As ações europeias caíram pela segunda sessão consecutiva nesta quinta-feira, com a maioria dos principais setores devolvendo ganhos anteriores obtidos após comentários menos “hawkish” (duros no combate à inflação) do banco central norte-americano.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,13%, a 7.503,27 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,49%, a 13.902,52 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,43%, a 6.368,40 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,60%, a 23.759,71 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,77%, a 8.434,70 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,72%, a 5.789,51 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações de Xangai terminaram em alta nesta quinta-feira, lideradas pelas ações de consumo, depois que o banco central da China prometeu apoio para garantir liquidez ampla, embora pesquisas mostrando queda na atividade econômica tenham pesado sobre o sentimento.
Na quarta-feira, o banco central da China prometeu apoio de política monetária para ajudar as empresas gravemente atingidas pelo último surto da Covid no país, e apoiar uma recuperação do consumo.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei não teve operações.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,36%, a 20.793 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,68%, a 3.067 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,15%, a 4.010 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI permaneceu fechado.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,79%, a 16.696 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,17%, a 3.343 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,82%, a 7.364 pontos.
*Com informações da Reuters.
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