Finanças
Ibovespa cai 2,67% no acumulado da semana; dólar avança
Mercado repercutiu inflação de março, que bateu 1,62%.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou a semana com queda acumulada de 2,67%. A sessão de baixa desta sexta-feira (8) colocou um fim a uma sequência de três semanas de ganhos, influenciada pela inflação acima do esperado em março, que fez os juros futuros dispararem e as ações de diversos setores cederem.
Já o dólar teve o desempenho positivo de 0,91% nesta semana. No entanto, nesta sexta-feira a moeda norte-americana acabou fechando em queda após três altas consecutivas, com operadores realizando lucros e repercutindo algum ajuste de baixa na divisa no mercado externo.
No dia, o Ibovespa caiu 0,45%, aos 118.322 pontos, batendo a máxima de 118.868 e mínima de 117.487. O dólar teve baixa de 0,66%, em R$ 4,7094, que foi sua máxima, e bateu a mínima de R$ 4,7014.
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IPCA nas alturas
O IPCA subiu 1,62% em março, após alta de 1,01% em fevereiro, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Esse foi o maior resultado para o mês de março desde 1994. No acumulado de 12 meses até março, o índice teve alta de 11,30%.
Em relatório, estrategistas do Citi disseram que “esta leitura do IPCA mostra claramente uma deterioração das perspectivas de inflação, o que evidentemente está surpreendendo o BC” para cima.
“Hoje a tendência é o real se valorizar pelo IPCA ter vindo bem mais forte do que o esperado”, disse à Reuters Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “O mercado está vendo que o IPCA não está cedendo, o que pode fazer o Banco Central elevar as taxas de juros um pouco mais”, o que é visto como amplamente favorável à moeda brasileira.
Reflexo das expectativas de maior agressividade do BC no aperto dos juros, as taxas dos principais DIs subiam acentuadamente nesta manhã, apontou Cruz.
Juros mais altos por aqui tornam o real mais atraente para estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias avançadas e em desenvolvimento. A Selic está atualmente em 11,75% ao ano, e o Banco Central tem indicado que promoverá ajuste de 1 ponto percentual em sua reunião de maio, o que pode marcar o fim do ciclo de aperto monetário iniciado há mais de um ano, que tirou a taxa de uma mínima histórica de 2%.
Alguns participantes do mercado, no entanto, têm dito desde antes da publicação do IPCA de março que o BC pode ser forçado a estender o endurecimento da política monetária para além do encontro do mês que vem, com algumas instituições financeiras prevendo juros na casa de 14% até o fim de 2022.
Cruz disse que, embora o real deva se beneficiar da Selic, que está entre as maiores taxas nominais de juros do mundo, a aceleração da inflação é uma preocupação para a economia brasileira. “Eu diria que existe, sim, risco de a inflação permanecer elevada e afastar investimentos do Brasil ao longo deste ano”, embora “boa parte do mercado entenda que a inflação está chegando em seu pico e, no segundo semestre deste ano, vai desacelerar”.
No fim das contas, ele reconheceu que “o Brasil segue pagando um dos melhores prêmios para o investidor que quer pegar emprestado lá fora e aplicar em país de juro alto”, com o real devendo ser resiliente mesmo em meio à alta dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed).
Bolsas mundiais
Wall Street
O índice Dow Jones subiu e o S&P 500 fechou em baixa em negociações agitadas nesta sexta-feira, com combalidas ações bancárias em alta e investidores lutando para encontrar a melhor forma de lidar com uma economia que pode recuar à medida que o banco central norte-americano se move para combater de forma mais incisiva a inflação.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,26%, para 4.488,62 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,32%, para 13.713,64 pontos. O Dow Jones subiu 0,42%, para 34.727,78 pontos.
Europa
As ações europeias subiram nesta sexta-feira e apagaram perdas semanais, enquanto investidores se concentravam em uma disputa acirrada entre o atual presidente francês Emmanuel Macron e a rival de extrema-direita Marine Le Pen às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais da França no fim de semana.
O índice pan-europeu STOXX 600 avançou 1,31%, a 460,97 pontos, e encerrou a semana com cerca de 0,5% de alta, com ações de saúde tendo o melhor desempenho semanal. Apesar de uma recuperação de 12% em relação às mínimas em um ano atingidas em março, o STOXX 600 ainda cai mais de 6% este ano diante de preocupações de que o aumento da inflação decorrente da guerra na Ucrânia desencadeará movimentos de bancos centrais que podem prejudicar o crescimento.
- O índice CAC-40 da França subiu 1,3%, mas perdeu cerca de 2% nesta semana –maior queda entre os pares europeus– devido à incerteza eleitoral.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 1,56%, a 7.669,56 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 1,46%, a 14.283,67 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 1,34%, a 6.548,22 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 2,13%, a 24.819,15 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,64%, a 8.606,40 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,71%, a 6.106,11 pontos.
Ásia
As ações da China fecharam em alta nesta sexta-feira, impulsionadas por expectativas de novas medidas de flexibilização da política monetária para apoiar uma economia em desaceleração, atingida pelo pior surto de covid-19 do país em dois anos.
“O sentimento limitado continua em meio a preocupações com a recuperação macro, o gerenciamento da covid-19 e o aperto da liquidez globalmente”, disse o Morgan Stanley em nota. “As reduções das estimativas de balanços aceleraram ainda mais.”
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,36%, a 26.985 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,29%, a 21.872 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,47%, a 3.251 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,51%, a 4.230 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,17%, a 2.700 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,62%, a 17.284 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,62%, a 3.383 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,47%, a 7.478 pontos.
* Com informações da Reuters.
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