Finanças
Ibovespa e dólar caem, com dívida dos EUA e arcabouço fiscal no radar
Nesta quarta-feira, deputados analisarão destaques que podem mudar o texto da nova regra fiscal.
O Ibovespa e o dólar fecham em queda nesta quarta-feira (24), contaminado por Wall Street, em meio a preocupações com a falta de avanços nas negociações envolvendo o teto da dívida norte-americana, enquanto o desfecho envolvendo a votação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados agradou de modo geral, mas já estava no preço.
No dia, o Ibovespa caiu 1,03%, aos 108.799 pontos. Já o dólar recuou 0,36%, negociado a R$ 4,9534.
A moeda norte-americana cai mais de 6% frente ao real no acumulado de 2023, movimento que alguns especialistas também associam ao patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, que tende a atrair investimentos de agentes estrangeiros interessados em retornos mais altos.
- Cotação do dólar hoje
- Cotação do Ibovespa hoje
- Cotação de criptomoedas hoje
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,275%, ante 13,296% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,625%, ante 11,685% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,11%, ante 11,161% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,14%, ante 11,196%.
Cenário interno
A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da regra fiscal na noite de terça-feira (23) por 372 votos favoráveis e 108 contrários, após ajustes de última hora feitos no texto pelo relator Cláudio Cajado (PP-BA) para tornar menos generosa a regra de gastos em 2024.
Nesta quarta-feira, os deputados analisarão destaques que podem mudar o texto da nova regra fiscal. Após isso e caso seja aprovado, a matéria irá ao Senado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou nesta quarta-feira o placar da véspera.
“Placar expressivo, a Câmara dos Deputados deu uma demonstração de que busca o entendimento para ajudar o Brasil a recuperar as taxas de crescimento mais expressivas, isso nos dá muita confiança de que a reforma tributária é a próxima tarefa a cumprir”, disse Haddad a jornalistas ao chegar ao ministério em Brasília.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avaliou que o texto aprovado “é melhor do que o proposto por Haddad, em termos de sustentabilidade fiscal, por conter alguns gatilhos de contenção das despesas, mas segue muito distante de conseguir estabilizar a dívida brasileira”.
“No final das contas, o novo marco fiscal segue muito dependente das receitas, não promove contenção de dispêndios imediatos, aliás, muito pelo contrario, permite que haja um reajuste real em cima de uma base já dilatada pela PEC de transição”, destacou Sanchez em comentário na manhã desta quarta-feira.
O economista André Perfeito considerou que a redação final do texto do arcabouço fiscal ficou mais austera que a versão inicial, destacando ser provável que o real se aprecie mais no curto/médio prazo. Para o economista, este cenário reforça uma perspectiva de inflação mais sob controle e de queda de juros.
“Tudo isso sugere que o Copom irá, de fato, iniciar o corte de juros em breve, muito provavelmente no início do segundo semestre”, estima Perfeito.
Na mesma linha, para o analista Hugo Queiroz, sócio e diretor de corporate advisory da L4 Capital, a aprovação do texto traz um fator a menos de incerteza vindo de Brasília, abrindo espaço para corte de juros.
“Haverá efeitos práticos importantes, como a queda do risco (taxa de desconto) e a aceleração do crescimento (fluxo de caixa). Isso também tem um impacto notável na curva longa e no crescimento de longo prazo. Tudo isso se reflete em uma valorização importante das empresas, principalmente das smallcaps. Agora, o foco se volta para as pautas de continuidade das reformas estruturais“, comentou Queiroz.
Cenário externo
Representantes do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e dos republicanos do Congresso norte-americano encerraram outra rodada de negociações sobre o teto da dívida na véspera sem sinais de avanço.
O impasse para elevar o limite de endividamento da maior economia do mundo tem aumentado os temores sobre possível calote, que, segundo especialistas, teria consequências catastróficas a nível global.
O foco de agentes do mercado nesta quarta também recaiu sobre a divulgação da última ata de reunião de política monetária do Fed.
“Ao longo desta semana e da última, vimos alguns dos membros do conselho (do Fed) lançando comentários mais ‘hawkish’ (duros contra a inflação), defendendo inclusive novos aumentos da taxa nas próximas reuniões”, disse equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.
“Agora, o que o mercado quer entender é qualquer sinal de quão provável é que o Fed aumente (os juros) nas próximas reuniões.”
Já no Reino Unido, a taxa de inflação caiu menos do que o esperado no mês passado e uma medida observada de perto do núcleo dos preços subiu para uma máxima em 31 anos, de acordo com dados oficiais que elevaram as chances de mais altas na taxa de juros.
Os preços ao consumidor subiram 8,7% em termos anuais em abril, abaixo dos 10,1% de março, mas ainda deixando o Reino Unido com a maior taxa de inflação entre as economias avançadas do Grupo dos Sete, ao lado da Itália.
Na Europa Ocidental, apenas a Áustria teve uma taxa mais elevada.
Bolsas globais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street fecharam em queda nesta quarta-feira.
De acordo com dados preliminares, o S&P 500 caiu 0,73%, para 4.115,47 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuou 0,61%, para 12.483,78 pontos. O Dow Jones teve queda de 0,77%, para 32.802,19 pontos.
Europa
Uma nova onda de vendas fez com que as ações europeias registrassem sua maior queda diária em dois meses nesta quarta-feira, com um salto no núcleo da inflação do Reino Unido e mais perdas em empresas de luxo abalando investidores.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 1,81%, a 457,65 pontos, pior desempenho desde meados de março, com todos os mercados regionais fechando no vermelho.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 1,75%, a 7.627,10 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 1,92%, a 15.842,13 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 1,70%, a 7.253,46 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 2,39%, a 26.524,54 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,12%, a 9.163,50 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 1,00%, a 5.955,77 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações chinesas caíram nesta quarta-feira, ampliando as quedas da sessão anterior, uma vez que as ações de consumo e financeiras recuaram, enquanto os riscos geopolíticos continuaram a pesar sobre o sentimento dos investidores.
As ações de Hong Kong também tiveram queda, acompanhando outras ações asiáticas em uma liquidação global enquanto as negociações do teto da dívida dos Estados Unidos se arrastam sem resolução.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 1,38%, enquanto o índice de Xangai teve baixa de 1,28%. O índice Hang Seng, de Hong Kong, registrou queda de 1,62%.
Bens de consumo e discricionário perderam mais de 1,3%, enquanto os bancos chineses continuaram sua jornada descendente à medida que o tema da reavaliação das empresas estatais perde força. A maioria dos bancos na China são empresas estatais.
Os riscos geopolíticos continuam pesando no sentimento dos investidores. A Rússia e a China devem assinar um conjunto de acordos bilaterais durante a viagem do primeiro-ministro russo a Pequim, enquanto os dois vizinhos prometem uma cooperação mais estreita, mesmo que o Ocidente continue criticando seus laços em meio à guerra na Ucrânia.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,89%, a 30.682 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,62%, a 19.115 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 1,28%, a 3.204 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 1,38%, a 3.859 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,00%, a 2.567 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,18%, a 16.159 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,12%, a 3.214 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,63%, a 7.213 pontos.
*Com informações da Reuters.
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