Finanças
Indústria de criptomoedas fica na defensiva após sanções do Ocidente à Rússia
Bolsas de criptomoedas rejeitaram pedidos para banir todos os usuários russos, argumentando que isso vai contra os valores libertários do setor.
Os entusiastas de criptomoedas estão na defensiva em meio a advertências de congressistas dos Estados Unidos e da Europa de que empresas de ativos digitais não são capazes de cumprir as sanções ocidentais impostas à Rússia, após a invasão da Ucrânia pelo país.
Após as críticas, a indústria de criptomoedas luta para recuperar o controle da narrativa, com muitos executivos frustrados com os questionamentos em relação aos regimes de compliance em vigor nas principais bolsas, como Coinbase e Binance.
A comunidade dos ativos digitais foi, em grande parte, pega de surpresa quando os EUA e seus aliados se moveram para impor sanções abrangentes contra os bancos, elites e outras empresas estatais da Rússia.
Ao contrário de outras empresas financeiras, as bolsas de criptomoedas rejeitaram pedidos para banir todos os usuários russos, argumentando que isso vai contra os valores libertários do setor. O movimento provocou preocupações entre autoridades europeias e parlamentares dos EUA de que ativos digitais poderiam ser usados para contornar as sanções.
Na segunda-feira, a Coinbase publicou um longo post em que detalhou seus controles e disse que havia bloqueado mais de 25.000 endereços relacionados a indivíduos ou entidades russas que acredita-se estarem envolvidas em atividades ilegais.
A FTX US, uma bolsa de ativos digitais com sede na cidade norte-americana de Chicago, disse que opera várias licenças regulamentadas e continua a “implementar e cumprir rigorosamente” todas as sanções.
“Na maioria das vezes, a maioria dessas empresas já possui sistemas muito robustos e é muito fácil para elas cumprir as sanções, como qualquer outra instituição financeira”, disse Kristin Smith, diretora executiva da Blockchain Association.
Risco ‘existencial’
Desde o início, a comunidade de criptomoedas difundiu os ativos digitais como veículos para transações anônimas, e uma série de ações federais de fiscalização por fraude, lavagem de dinheiro e ofertas de moedas não registradas apenas reforçou a percepção de que as empresas de criptomoedas são propensas a desrespeitar a lei.
Para muitas bolsas, o risco de não estar em conformidade com as regras é “existencial”, disse Charles Delingpole, presidente-executivo da ComplyAdvantage, uma empresa de tecnologia contra lavagem de dinheiro que trabalha com várias companhias proeminentes do setor, incluindo Binance e Gemini.
“Não apenas em termos de multa (e) remoção do acesso à conversão de dólares”, disse ele. “Para quem está lavando dinheiro, que é o outro lado disso, vem ocorrendo uma enorme reação negativa do público às empresas que facilitam fluxos ilegais de dinheiro”.
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