Mais da metade das 175 family offices em todo o mundo está otimista em relação ao crédito privado e quase um terço afirmou que pretende aumentar as alocações para o ativo neste ano, mais do que qualquer outra classe de investimentos alternativos, de acordo com uma pesquisa divulgada pela BlackRock nesta terça-feira (17).
Os super-ricos também estão cada vez mais otimistas em relação aos investimentos em infraestrutura, com 30% planejando direcionar mais recursos para esse mercado.
Embora o private equity continue sendo um investimento essencial para family offices, os últimos anos de desempenho fraco, dificuldade para sair de investimentos e retornos de capital atrasados ou reduzidos estão impactando os investidores, revelou a pesquisa. Isso levou os mais ricos a se tornarem muito mais exigentes na seleção de gestores e na decisão sobre pagar ou não os honorários.
“Eles estão diversificando sua exposição dentro dos mercados privados”, disse Armando Senra, chefe de negócios institucionais para as Américas da BlackRock. “Enquanto as alocações costumavam ser usadas principalmente para o crescimento de private equity, agora o que se vê é um alto interesse em crédito privado de infraestrutura.”
Crédito privado
Os ricos estão cada vez mais atraídos pelo potencial do crédito privado para diversificar carteiras e sua possibilidade de rendimento maior do que nos mercados de títulos públicos, de acordo com Lili Forouraghi, chefe de family offices, saúde, fundos patrimoniais, fundações e instituições oficiais da BlackRock nos EUA.
Investimentos em infraestrutura relacionados à descarbonização e “todo o burburinho da IA, além de data centers, são as áreas que têm intrigado muitos dos nossos clientes”, afirmou Forouraghi.
A pesquisa mostrou que investimentos alternativos representavam 42% dos ativos em carteiras de family offices, em média, acima dos 39% apontados em uma pesquisa semelhante realizada em 2023. As participações em crédito privado podem representar de 15% a 30% das carteiras de algumas family offices.
Muitos permanecem comprometidos com private equity, que pode representar metade ou mais de alguns portfolios, mas a pesquisa encontrou um sentimento “misto”, com 70% de neutros a pessimistas em relação ao ativo e apenas 30% mais otimistas.
Os investidores estão se voltando a investimentos secundários e diretos em private equity, de acordo com a pesquisa.
Entre os ultra-ricos do mundo que apostam em crédito privado, estão Andre Koo Jr., herdeiro de uma das maiores fortunas do setor financeiro da Ásia, e os bilionários do mercado imobiliário do Reino Unido, David e Simon Reuben.
Uma gestora que atende famílias super-ricas, que já fez parte da empresa de investimentos pessoais do cofundador da Microsoft, Paul Allen, também aumentou seu interesse na classe de ativos, e criou sua própria classe de bilionários nos últimos anos, tornando-se uma das tendências mais quentes de Wall Street.
A BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, administrava US$ 11,6 trilhões no final de março e investiu quase US$ 28 bilhões em três aquisições para competir com os líderes do setor de ativos alternativos, incluindo a Blackstone e a Apollo Global Management.
A BlackRock investiu US$ 12,5 bilhões para adquirir a Global Infrastructure Partners e está em processo de fechar um acordo de US$ 12 bilhões para comprar a empresa de crédito privado HPS Investment Partners.