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Lucro em alta e ação em baixa? Veja 4 motivos para a reação negativa do mercado

Contrário também pode acontecer – ou seja, a companhia apresenta prejuízo, mas o papel sobe na bolsa.

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Na última semana, a queda das ações dos bancos após a divulgação de balanços com lucro no primeiro trimestre de 2021 surpreendeu muitos investidores. Afinal, como uma ação pode cair logo após a empresa ter divulgado resultados no azul? E por que alguns papéis sobem logo após uma companhia reportar prejuízo?

Segundo Murilo Breder, analista de investimentos da Easynvest, existem muitos fatores que justificam fenômenos como esse. Ele lista os 4 principais. Veja abaixo:

1. Efeito base

Antes de avaliar o percentual de crescimento do lucro de uma empresa, é preciso considerar a magnitude do resultado do período anterior, conforme explica Breder. Quando o lucro do trimestre anterior é baixo demais, o avanço percentual pode acabar distorcido. “Não é porque um lucro cresceu 100, 200 ou 300% que isso necessariamente quer dizer algo maravilhoso para a companhia”, diz o analista.

2. Expectativa

Mesmo antes de um balanço ser divulgado, ele já impacta a cotação de uma ação na bolsa. Isso porque o mercado faz suas projeções sobre o resultado – e, quando essa expectativa é quebrada, o resultado pode ser visto no movimento das ações.

“Não basta o lucro vir forte ou recorde. O mercado já tinha uma expectativa e sempre vai incorporando no preço essa expectativa enquanto o resultado não sai. Se ele sai abaixo da expectativa, há uma frustração. É por isso que, mesmo a empresa tendo um lucro recorde, pode ter um dia negativo na bolsa”, afirma Breder.

Ele comenta ainda que o contrário também é possível. Se uma empresa apresenta prejuízo, mas o mercado esperava um resultado ainda pior, a ação pode subir após a divulgação dos números.

3. Variação cambial

Esse efeito atinge especialmente as empesas exportadoras, que têm o resultado mais afetado pelo sobe e desce do dólar do que outras companhias. O movimento do câmbio pode chegar a transformar um lucro em prejuízo ao se fazer a conversão das moedas. Por isso, Breder recomenda “olhar o fluxo de caixa em vez de lucro” para avaliar o desempenho da companhia em um período.

4. Qualidade do lucro

Após a empresa divulgar um resultado positivo, o mercado busca saber como ele foi alcançado. Se a forma como a empresa lucrou não for considerada sustentável, a ação pode cair mesmo com o balanço no azul.

Isso acontece quando o lucro de uma empresa é impactado positivamente por eventos não recorrentes, como a venda de uma fábrica que não tenha relação com a operação.

Breder cita o recente caso dos bancos. “Os bancos mostraram lucro forte, mas boa parte foi porque eles reduziram as provisões para devedores duvidosos. Uma hora essa provisão vai se normalizar. Isso não é sustentável no longo prazo.”

No 1º trimestre o lucro consolidado dos 4 maiores bancos foi de R$ 18,6 bilhões, valor 35,2 % superior ao mesmo período de 2020, segundo dados da provedora de dados financeiros Economatica. No período, Itaú (ITUB3 e ITUB4) e Branco do Brasil (BBAS3) reduziram as provisões para devedores duvidosos, enquanto Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e Santander (SANB11) aumentaram.

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