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Quais são as 5 NFTs mais caras do mundo?

A mais cara já negociada foi The Merge, por US$ 92 milhões; veja outras.

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Justin Bieber, Jimmy Fallon e Shaquille O’Neal são alguns artistas que investem no mercado digital ao comprar NFTs (non-fungible token, em inglês) por cifras milionárias. Nesse cenário, o Brasil se tornou um dos maiores mercados, com mais de 5 milhões de proprietários. Entre eles está o craque Neymar Jr., que adquiriu duas NFTs por R$ 6,5 milhões – a mais cara já negociada foi The Merge, por US$ 92 milhões. Mas, apesar do alto valor, elas não estão entre as cinco NFTs mais caras do mundo (veja lista mais abaixo).

“O mundo dos colecionáveis movimenta mais de US$ 260 bilhões por ano”, afirma Sylmara Multini, CEO da IDGNFT.com (International Digital Group), empresa que lançou NFTs para atletas brasileiros, ao explicar a decisão de adquirir NFTs. “A migração no universo dos colecionáveis, do mundo físico para o digital, é mais que uma tendência, é uma realidade. Os colecionadores, principalmente os mais jovens, irão migrar para este novo ambiente, no qual estes bens podem ser exibidos, trocados ou vendidos com segurança.”

Já o analista chefe da Titanium Asset, Ayron Ferreira, destaca que as NFTs atraem a atenção de celebridades porque possuem uma característica de “monetização direta entre o artista e o público”. “Devido à grande inovação, de ser um ativo escasso digitalmente, os NFTs proporcionam exclusividade a seus detentores, o que dá ao artista a possibilidade de oferecer aos fãs acesso a experiências únicas.”

Por se tratar de um ativo com pouca liquidez, Ferreira explica que a decisão de comprar uma NFT deve ser tomada de forma cuidadosa para não comprometer um percentual considerável do patrimônio do investidor. “O motivo para comprar uma está mais ligado a diversificação de portfólio e aprendizado sobre como o ecossistema dos NFTs funciona. Jamais com a intenção de conseguir lucro rapidamente, pois é uma classe de ativo arriscada.”

Em entrevista ao “Financial Times“, a integrante da Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC, na sigla em inglês) Hester Peirce afirmou que algumas NFTs podem ser regulamentadas como ações ou títulos e pediu que a SEC publique mais informações sobre o mercado, que inclui as caricaturas do Bored Ape. “NFTs que incluem ‘direitos de governança’ ou oferecem aos investidores direitos a fluxos de receita podem ser capturados pelas leis de valores mobiliários dos EUA”, disse Peirce. Tokens que são divididos e vendidos podem se enquadrar nessa categoria.

As 5 NFTs mais caras do mundo

Veja abaixo a lista das NFTs de maior valor compradas até agora:

The Merge – US$ 91,8 milhões

NFT The Merge (Foto: Reprodução de www.niftygateway.com)

O NFT mais caro do mundo é a The Merge, do artista digital anônimo Pak. A obra foi adquirida por cerca de 29 mil pessoas, que compraram as mais de 312 mil cotas, coletivamente, por US$ 91,8 milhões via Nifty Gateway, em dezembro de 2021. Portanto, a obra não tem um único dono. 

The Merge é considerada a obra mais valiosa de um artista vivo, superando a venda da escultura do norte-americano Jeff Koons, o Rabbit, de 1986, por US$ 91 milhões, em um leilão da Christie’s, realizado em 2019.

Obra “Rabbit”. (Foto: Reprodução/Instagram)

Depois de The Merge, as quatro NFTs mais caras do mundo são:

Everydays: The First 5000 Days – US$ 69,3 milhões

Produzida pelo artista digital norte-americano Michael Joseph Winkelmann, o Beeple, a NFT Everydays: The First 5000 Days (Todos os Dias: Os Primeiros 5.000 Dias, em tradução livre) foi vendida por US$ 69,3 milhões em um leilão da Christie’s, em março de 2021. A obra é uma colagem de 5.000 ilustrações e animações de Beeple fotografadas, diariamente, entre 1° de maio de 2007 e 7 de janeiro de 2021.

Everydays: The First 5000 Days (Imagem: Reprodução de onlineonly.christies.com)

Human One – US$ 28,98 milhões

Human One é a segunda obra de Beeple a ser vendida como NFT. A escultura digital de um astronauta caminhando por diversos climas diferentes, inserido em uma caixa de metal e de vidro de quase dois metros de altura, foi comercializada por US$ 28,98 milhões, em novembro de 2021. 

“Nunca teria condições financeiras para fazer um trabalho como Human One. Em nenhum momento, tinha pensado em fazer esse tipo de trabalho, para ser bem sincero, só porque ele não existia em grande medida. E é isso que eu acho super empolgante nos NFTs. Parece que um trabalho genuinamente novo está nascendo por meio dessa tecnologia, por meio desse movimento”, disse Winkelmann ao ser questionando como as NFTs afetavam seu trabalho, em entrevista à Christie’s.

Cryptopunk #5822 – US$ 23,7 milhões

Cryptopunk é uma coleção de 10 mil avatares de 24 por 24 pixels dos artistas Matt Hall e John Watkinson. O número #5822 representa um desses desenhos e sua NFT foi comprada por Deepak Thapliyal, CEO da Chain, por US$ 23,7 milhões, durante um leilão da Sotheby’s, em fevereiro de 2022. 

O desenho é uma das únicas 333 com bandana. Além dele, outros foram vendidos por altos valores: Cryptopunk #7523 (US$ 11,75 milhões), Cryptopunk #3100 (US$ 7,67 milhões), Cryptopunk #7804 (US$ 7,6 milhões) e Cryptopunk #5217 (US$ 5,59 milhões). 

Cryptopunk #5822 Imagem: Reprodução de opensea.io)

Crossroad – US$ 6,6 milhões

Crossroad é a terceira obra do artista Beeple a figurar nesta lista dos cinco NFTs mais vendidos. A obra é um NFT dinâmico – um vídeo curto de 10 segundos. Nele, pessoas passam em frente a um corpo caído (Donald Trump) no chão com ofensas e insultos escritos na pele. A imagem tem uma relação direta com as eleições americanas de 2020. O ex-presidente aparece caído simbolizando a derrota na corrida à Casa Branca. Se tivesse vencido o pleito, o vídeo o mostraria triunfante. O NFT foi vendido por US$ 6,6 milhões.

Quais são as NFTs do Neymar?

Em janeiro de 2022, o atacante do Paris Saint-Germain (PSG) Neymar Jr. adquiriu duas NFTs da coleção Bored Ape Yacht Club (Iate Clube do Macaco Entediado, em tradução livre), por R$ 6,48 milhões –BAYC #6633 e BAYC #5269. Promovida por nomes como Paris Hilton e Jimmy Fallon, a coleção é um conjunto de 10 mil imagens de macacos, desenvolvido pela empresa norte-americana Yuga Labs. 

Além dos dois, os atletas Stephen Curry e Shaquille O’Neal, os DJs Marshmello e Khaled, os rappers Eminem, Rich the Kid, Lil Baby e Post Malone e o produtor de hip-hop Timbaland são outras celebridades que adquiriam NFTs da coleção desenvolvida no Ethereum (ETH) por Yuga Labs.

Em abril deste ano, o jogador brasileiro expandiu sua coleção com a aquisição de um Mutant Ape Yatch Club #10953 (MAYC #10953) por R$ 800 mil. O Mutant Ape Yacht Club é uma coleção derivada da Bored Ape Yacht Club. 

Quando o craque do PSG comprou as duas NFTs da coleção Bored Ape Yacht Club, o mercado de criptomoedas ainda estava em alta, embora já sinalizasse uma tendência de queda na cotação do ethereum em janeiro de 2022 (média de R$ 17 mil), se comparado ao quarto trimestre de 2021, quando a cotação teve médias acima de R$ 20 mil: outubro (R$ 21 mil), novembro (R$ 24 mil) e dezembro (R$ 23 mil). Hoje, os dois NFTs de Neymar da coleção Bored Ape Yatch Club custam cerca de R$ 1,5 milhão.

“Neymar comprou os NFTs em um momento ruim e para voltar a vender com lucro precisaria de um novo ciclo de valorização para os ativos”, ressalta Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset.

O que são NFTs?

Os tokens não fungíveis são certificados digitais, que utilizam criptografia e contatos inteligentes, e são armazenados em blockchain – base compartilhada de dados para registrar e validar transações digitais –, para conferir escassez e imutabilidade a ele, explica o analista chefe da Titanium Asset, Ayron Ferreira.

“Um NFT pode representar uma obra de arte, colecionáveis e músicas, por exemplo. Por ser um ativo não fungível, ou seja, que não pode ser replicado por possuir características únicas, o NFT possui escassez digital, comprovada através de uma blockchain”, complementa.

Portanto, os ativos fungíveis são queles que podem ser replicados e substituídos, como uma moeda fiduciária, como o dólar. “O próprio bitcoin é fungível. Se eu dou 1 bitcoin a alguém e ele me devolve 1 bitcoin, ele não precisa ser o mesmo bitcoin originalmente negociado, pois eles possuem o mesmo valor.”

Vale a pena investir em NFT?

Por seu caráter único e colecionável aliado à expectativa de alto retorno financeiro, as NFTs têm se destacado no mercado financeiro pela diversificação, embora especialistas ouvidos pelo InvestNews alertem para a falta de liquidez.

“Como bens colecionáveis, requerem um conhecimento do comprador sobre seu preço e possível ganho no futuro. As vantagens são: acessibilidade, segurança e o fato de não existir limitações físicas. E podem ser infinitas em suas carteiras digitais”, diz Sylmara Multini, CEO da IDGNFT.com.

Ayron Ferreira, da Titanium Asset, reforça que a vantagem está na “diversificação e no aprendizado sobre algo que pode vir a ser uma disrupção para a indústria da arte, por exemplo”. “Muitos artistas têm buscado utilizar NFTs como forma de monetizar suas criações junto a seus públicos, pois existe uma eliminação de intermediários neste processo.” 

Já a desvantagem está na “falta de liquidez por ser um tipo de ativo que pode demorar a pegar tração novamente. Por isso a importância do cuidado com o tamanho da alocação”.

Ferreira afirma que, para quem busca resultados no curto prazo, o momento atual (de inflação elevada e de ambiente contracionista proporcionado pelos bancos centrais pelo mundo) não torna atrativo o investimento em ativos com pouca liquidez e arriscados. “O interesse maior é por ativos menos arriscados, como dólar e renda fixa. Mas em um portfólio diversificado, os NFTs podem fazer parte da categoria de ativos alternativos, pois têm a chance de voltarem a se valorizar no futuro.”

Se o objetivo ao investir em NFTs for de longo prazo, as chances de sucesso aumentam, diz o analista, uma vez que “muitos NFTs que custavam muito mais caro chegaram a cair mais de 80%, devido à diminuição do interesse por eles.”

Embora o cenário atual não seja muito atraente, Multini diz que o mundo dos NFTs é muito novo. “Se tem um tema que te fascina, um músico ou atleta que você é fã, vale a pena comprar um NFT”, opina.

Em levantamento feito a pedido do InvestNews, a empresa americana de análise do mercado de NFTs DappRadar aponta a venda de 62,3 milhões desses ativos digitais em 2021, com movimentação de US$ 25,12 bilhões. De janeiro a setembro deste ano, as vendas superam 71 milhões, com movimentação de US$ 22,8 bilhões, embora o mercado esteja em uma tendência de queda desde o início do ano. 

O preço mínimo das coleções Bored Ape Yacht Club, Cryptopunks e Moonbirds despencou 14,6%, 16% e 61,8%, respectivamente, nos últimos 90 dias, segundo dados do CoinGecko, plataforma de dados de criptomoeda. 

Usada para negociar os tokens, a moeda digital ethereum (ETH) passou por uma forte desvalorização. Em artigo publicado no InvestNews em 18 de outubro, a especialista Mayara Souza afirmou que ethereum se tornou deflacionário pela primeira vez na história. A taxa de emissão de novos ETH caiu 90% e a moeda está se tornando cada vez mais escassa.

“A desvalorização dos NFTs aconteceu juntamente com a queda do preço do bitcoin (BTC) e ETH, que caíram devido ao contexto macroeconômico de aumento dos juros. Além disso, alguns meses antes, em 2021, o preço do NFTs bateu recordes e passou por um momento de grande euforia, que acompanharam o registro de uma nova máxima história do BTC, que atingiu mais de US$ 69 mil”, afirma Ferreira. 

Tal qual o bitcoin, o ethereum é uma blockchain que permite a transferência de criptomoedas apenas entre pessoas físicas, sem a necessidade de um banco ou empresa de remessa internacional para fazer a transação.

Multini diz que os valores dos bens digitais flutuam como todos os investimentos. “Para o colecionador, porém, que compra para ter o bem, a visão é sempre a longo prazo, o que torna estas oscilações irrelevantes.” 

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