Finanças
Por que a ação da WEG é a única do Ibovespa que ainda sobe em 2020
Veja 5 razões que ajudaram a companhia a sofrer menos que outras empresas da Bolsa diante da crise do coronavírus.
Enquanto quase todas as empresas listadas no maior índice da B3 acumulam quedas expressivas em 2020, uma delas continua no azul, mesmo após também sofrer os efeitos nefastos da crise gerada pela Covid-19 (coronavírus). É a catarinense WEG (WEGE3), uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo e de soluções energéticas.
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Até o fechamento do pregão desta terça-feira (14), a ação da empresa acumulava um retorno positivo de 12,72% em 2020, enquanto o restante dos papéis do Ibovespa seguia no vermelho. Em 12 meses, a WEG mostrava uma surpreendente valorização de 110%.
Mas o que faz a companhia do setor industrial sofrer menos que outras empresas negociadas na Bolsa — ainda mais quando ela não atua em segmentos tidos como os mais beneficiados pela crise, como o varejo e farmácias? Para analistas, são várias as razões que levam os investidores a enxergar boas perspectivas para a companhia, mesmo diante dos riscos e incertezas inerentes a uma crise econômica.
Apesar de não ser conhecida por pagar dividendos generosos, a empresa deixou sua marca por reinvestir os seus lucros e apostar em inovação. Outro fator que favorece a Weg em momentos adversos é o fato de não estar diretamente ligada à oscilação nos preços de commodities como petróleo e minério de ferro, o que faz dela menos vulnerável a turbulências externas.
Boa gestão resume o espírito da companhia, na visão de Luiz Guilherme Dias, CEO da Sabe Invest. “É uma empresa atípica no ramo industrial. Ela atua em um setor que vem empobrecendo ao longos dos anos [máquinas e equipamentos], mas tem atravessado este deserto com competência. Em nossa visão, é uma das 10 melhores empresas da Bolsa brasileira”, acredita.
Criada em 1961 na cidade de Jaraguá do Sul (SC) pela junção de três famílias, a WEG já foi chamada Eletromotores Jaraguá. Ainda uma empresa familiar, ela possui hoje fábricas em 12 países, com um portifólio bem variado de produtos, que vai de bens de capital (máquinas industriais) a equipamentos elétricos, automação e tintas para setores como siderurgia, papel e celulose, petróleo e mineração.
Antes de a crise abater o mercado de ações, os analistas do BTG Pactual consideravam o preço da ação da WEG acima do ideal, resultado da forte valorização nos meses anteriores. O papel era negociado a R$ 45,78 no dia 19 de fevereiro. Após o tombo dos últimos pregões, passou a ser cotado abaixo de R$ 40.
Confira 5 fatores que impulsionaram as ações da WEG, segundo analistas:
1 – Não cortou investimentos
A companhia manteve o ritmo de investimentos mesmo após a crise do Covid-19 paralisar a atividade econômica no Brasil. Isso deu à empresa uma vantagem competitiva em relação a companhias que interromperam a produção diante da propagação da doença. Foi o que fizeram grandes montadoras e a própria Petrobras (PETR3; PETR4), que anunciou que vai paralisar pelo menos 45 plataformas no país.
2 – Saúde financeira em dia
O balanço do 4º trimestre de 2019 da empresa deixou os investidores bastante animados. O lucro líquido cresceu quase 20%, para R$ 500 milhões e a receita líquida somou R$ 3,7 bilhões, um crescimento de 20,9%. Outro resultado que deu fôlego para a empresa foi a geração de caixa, que subiu 36,1% no período, somando R$ 666,4 milhões.
“A WEG entregou resultados fortes no quarto trimestre, com uma dinâmica acima das expectativas no mercado doméstico e no externo, o que acreditamos que ajude a sustentar o momento da empresa”, escreveu o BTG em relatório.
Mas não é de hoje que a empresa vem apresentando resultados financeiros consistentes. Entre 1994 e 2019, a companhia não mostrou prejuízo e acumulou um crescimento nominal (sem descontar a inflação) de seu lucro líquido de 42 vezes desde então, segundo dados da Sabe Invest.
3 – Vai fabricar respiradores
A empresa anunciou no final de março que fechou um acordo de transferência de tecnologia com a Leistung Equipamentos, que fabrica equipamentos médico-hospitalares, para produzir respiradores artificiais para pacientes do novo coronavírus (Covid-19). “A empresa mostra que está sintonizada com o que acontece no mundo e passa uma imagem de que está aí pra atender a necessidade vigente. Ela vai acertar porque sabe inovar”, afirma Dias.
O objetivo é fabricar 500 unidades e, a partir da segunda quinzena de maio, atingir a média de 50 unidades por dia, o que somará 1.500 por mês. Para essa produção, a companhia vai utilizar as instalações de suas fábricas em Jaraguá do Sul (SC), onde também fica sediada a Leistung.
4 – Tem presença internacional
A WEG começou como fabricante de motores no Sul do Brasil e hoje possui parques fabris em 12 países, entre eles Estados Unidos, China, Índia e África do Sul. Essa diversificação geográfica conta como vantagem competitiva para a companhia catarinense. Fabricando e vendendo no exterior, a WEG ampliou a presença comercial para mais de 135 países. “A WEG foi capaz de perceber que o mercado externo funciona como um hedge (proteção) pra ela”, observa o CEO da Sabe Invest.
5 – 58% das receitas são em dólar
Como exportadora e produtora em terras estrangeiras, a companhia tende a se beneficiar com a desvalorização do real, já que 58% de suas receitas vêm das vendas no mercado externo. Apenas no mês de março, a moeda americana valorizou quase 16% em relação ao real, como reflexo de um cenário externo adverso. “A WEG saber se proteger das variações do câmbio”, comenta Dias.