As taxas dos contratos futuros de juros encerraram a segunda-feira (26) em queda, em meio a preocupações em torno da economia global e com investidores no Brasil à espera da divulgação da ata do último encontro do Copom, na terça-feira (27).
Após os recuos mais recentes, as taxas futuras oscilaram em margens estreitas nesta segunda-feira, em um dia sem fatores que pudessem mudar de forma intensa a precificação na curva a termo.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries cediam pela manhã, impactados pela turbulência na Rússia. Na sexta-feira, a Rússia acusou o chefe mercenário Yevgeny Prigozhin, do grupo Wagner de convocar um motim armado. Ainda no fim de semana, o motim foi aparentemente debelado, mas o evento ainda permeava os negócios na manhã desta segunda-feira.
Além da turbulência russa, os mercados reagiam a notícias que colocam em dúvida o crescimento econômico global. A S&P cortou a previsão de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2023, de 5,5% para 5,2%, ressaltando a natureza desigual da recuperação pós-reabertura do país. Foi o primeiro corte desse tipo feito por uma agência global de risco este ano e segue revisões feitas pelo Goldman Sachs e outros grandes bancos de investimento.
Já o banco central da Alemanha disse que a recessão deve terminar no segundo trimestre do ano, mas que o PIB “aumentará ligeiramente” no período. Para 2023 como um todo, o Bundesbank espera que o PIB alemão caia 0,3% em dado ajustado.
Estes fatores vindos do exterior colocavam certo viés de baixa para as taxas dos contratos futuros de juros no Brasil. Ainda assim, as taxas não se distanciavam tanto dos níveis vistos na sexta-feira.
De acordo com um profissional ouvido pela Reuters, os investidores também aguardam com ansiedade a divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), na manhã de terça-feira.
Uma das dúvidas é se o BC manterá o discurso hawkish (duro) adotado no comunicado da semana passada, quando manteve a taxa básica Selic em 13,75% ao ano, ou utilizará a ata para amenizar o tom em relação à política monetária.
Com os investidores à espera da ata, a precificação para as reuniões do Copom pouco mudou nesta segunda-feira. A curva a termo chegou a precificar à tarde 100% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual da Selic no encontro de agosto. No fim da tarde, o percentual precificado era de 92% — ante 95% no fechamento de sexta-feira.
Para setembro, a precificação majoritária ainda é de corte de 0,50 ponto percentual, a despeito de o BC, em seu comunicado, ter indicado maior cautela no processo de cortes da taxa básica.
Pela manhã, o Banco Central divulgou o boletim Focus, com as previsões dos economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos. Conforme o documento, os economistas esperam por dois cortes de 0,25 ponto percentual da Selic em agosto e setembro.
O Focus mostrou ainda queda para a projeção de inflação em 2023, de 5,12% para 5,06%, e em 2024, de 4,00% para 3,98%.
Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,005%, ante 13,017% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,975%, ante 11,023% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,34%, ante 10,395% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,325%, ante 10,391%.
No exterior, o rendimento dos Treasuries de 10 anos seguia em queda no fim da tarde.
Às 16:47 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 1,60 ponto-base, a 3,7231%.
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