As taxas dos contratos futuros de juros de prazos mais longos fecharam a quinta-feira (27) em alta, interrompendo uma sequência de quatro dias de baixa, acompanhando o exterior, onde os rendimentos dos Treasuries também subiam, e em meio às apostas de que o Banco Central (BC) cortará a Selic em 0,50 ponto percentual na próxima semana.
Entre os contratos mais curtos, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) terminaram próximas da estabilidade.
A quinta-feira foi marcada pela divulgação de uma série de dados econômicos positivos nos EUA, que afastaram a visão de que o país poderia entrar em recessão em meio ao aperto monetário agressivo do Federal Reserve (Fed).
O Departamento do Comércio informou que as encomendas de bens de capital não relacionados à defesa, excluindo aeronaves, subiram 0,2% no mês passado. Economistas ouvidos pela Reuters previam queda de 0,1%.
Já o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA aumentou a uma taxa anualizada de 2,4% no último trimestre. Economistas consultados pela Reuters previam expansão do PIB de 1,8%.
Os números norte-americanos deram suporte aos rendimentos dos Treasuries no exterior e contribuíram para a alta dos juros futuros no Brasil.
“O PIB dos EUA nem era para fazer preço, mas hoje (quinta-feira) fez, porque veio muito bom. Assim, as taxas sobem nos EUA e no Brasil também”, comentou Laís Costa, analista da Empiricus Research.
Além do fator externo, as taxas dos DIs continuaram a ser influenciadas pela perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, na próxima semana, corte a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, e não em 0,25 ponto. A Selic está atualmente em 13,75% ao ano.
“Caminhamos na curva com a precificação de corte da Selic 0,50 ponto percentual na próxima reunião, e já temos a possibilidade de mais dois cortes de 0,75 ponto”, pontuou Costa. “Então, se há queda das taxas na ponta curta, é natural a curva inclinar”, acrescentou, ao justificar o viés de alta entre os vértices mais longos nesta quinta-feira.
Perto do fechamento desta quinta-feira a precificação na curva a termo brasileira era de 65% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da Selic na próxima semana e de 35% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na quarta-feira, os percentuais eram de 68% e 32%, respectivamente; na terça-feira, de 65% e 35%.
Para o encontro de setembro do Copom, a curva precificava corte de 0,57 ponto percentual — o que ainda indica chances maiores de corte de 0,50 ponto, mas possibilidade de corte maior, de 0,75 ponto. No caso do encontro de novembro, a precificação era de corte de 0,68 ponto.
Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender publicamente o corte da Selic. Questionado por jornalistas em Brasília sobre se a elevação da nota de crédito do país pela Fitch na quarta-feira justificaria o afrouxamento monetário, Haddad afirmou que há uma “coleção de fatores para a Selic baixar”.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,6%, ante 12,602% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,63%, ante 10,578% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,125%, ante 10,044% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,225%, ante 10,131%.
O avanço das taxas futuras no Brasil ocorreu em sintonia com o aumento dos rendimentos dos Treasuries de 10 anos nos EUA.
Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 15,30 pontos-base, a 4,0042%.
Veja também
- Com a explosão dos juros, títulos IPCA+ tombam até 31% no ano
- Banco Central confirma expectativa e sobe Selic para 11,25% ao ano
- Endividamento do governo cria oportunidades na renda fixa; títulos privados já pagam IPCA+9%
- Alta dos juros pode reverter a recuperação do setor bancário
- Banco Central retoma alta de juros e Selic sobe para 10,75% ao ano