Finanças
Taxa do Tesouro prefixado recua, mas papel segue promissor, dizem especialistas
Rentabilidade dos prefixados passou a menos de 12% ao ano; veja análises.
Com a expectativa do fim do ciclo de aperto monetário nos próximos meses e da queda das taxas de juros futuros no Brasil, os papéis do Tesouro Direto com taxa prefixada, embora tenha recuado a uma taxa de rentabilidade anual inferior a 12% nas últimas semanas, ainda são avaliados como investimentos promissores, segundo especialistas ouvidos pelo InvestNews, entre os títulos de renda fixa para os próximos anos.
Os recentes sinais de alívio da inflação elevaram as perspectivas de fim do ciclo de alta da Selic, taxa básica de juros da economia. Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda de 0,68%, a maior deflação em 42 anos. Em agosto, o indicador recuou novamente, em 0,36%.
Nesse cenário, a rentabilidade do tesouro prefixado foi a menos de 12% ao ano. Em 13 de setembro, o retorno do papel com vencimento em 2025 estava em 11,98% e em 2029, em 11,82%. Já o papel com juro semestral e vencimento em 2033 tinha retorno de 11,95%.
“A inflação já mostrou certo arrefecimento“, diz Fabio Louzada, analista e fundador da Eu me banco. “Estamos próximos do fim do ciclo de alta de juros no Brasil. Como o mercado precifica e antecipa a expectativa futura, a tendência é os juros futuros recuarem cada vez mais, caso esse cenário permaneça.”
“Caso os juros subam além dos juros contratados, o valor do título cairá. Já se os juros futuros caírem, o preço do título ficará mais caro”, diz Louzada, ao ressaltar que, no caso dos papéis NTN-F (tesouro prefixado com remuneração semestral), não há ganhos em relação a juros compostos, como ocorre em outros títulos que pagam apenas no vencimento.
“Se a perspectiva é de alta na Selic no longo prazo, os títulos prefixados podem não ser tão atrativos quanto outros investimentos. Se for ao contrário, com previsão de queda da taxa de juros, investir em NTN-F passa a ser uma boa alternativa, já que o investidor receberá a rentabilidade acordada no momento da compra”, afirma o CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha.
“Se a inflação realmente for mais para baixo, rodar em um patamar de 4% ou 5% ao ano, por exemplo, isso vai sinalizar o Banco Central de que ele pode iniciar a baixar os juros. Se acontecer isso, a NTN-F vai começar a se valorizar”, acrescenta.
Segundo dados de um estudo da B3 sobre a evolução de investidores no segundo trimestre deste ano, houve um aumento de 29% na quantidade de investidores de Tesouro Direto, passando de 1,6 milhão para 2 milhões de CPFs.
Os títulos NTN-B Principal (Tesouro IPCA sem juros semestrais) e LFT (Tesouro Selic) concentram mais de 70% do saldo em custódia dos investidores, ante 3% de NTN-F. O valor em custódia cresceu 30%, passando de R$ 68,5 bilhões para R$ 88,8 bilhões, enquanto o saldo mediano recuou 3% – de R$ 2.500 para R$ 2.400 no mesmo período.
NTN-F: para quem é recomendado?
Louzada reforça que o investimento em NTN-F é recomendado para pessoas com perfil mais arrojado e investidores que levem o investimento até o final do prazo. “É recomendado para quem já acumulou dinheiro e agora quer receber uma remuneração a cada seis meses, o que funciona de forma parecida com a remuneração de dividendos.”
“Se o investidor está em fase de acumulação, é mais recomendável investir em títulos sem o pagamento de juros semestrais, pois dessa forma os ganhos no vencimento tendem a ser maiores devido aos juros compostos”, complementa.
Cunha tem a mesma leitura. “Se a pessoa está apertada, não é um bom investimento, o melhor seria uma LFT, o Tesouro Selic. O interessante da NTN-F é justamente o prazo, em que dá para garantir uma taxa de juros por um prazo maior. Você espera a condição de mercado ser favorável ou carrega o título. São investidores que olham para os juros e para o dinheiro que tem. Se tiver rendimento de 1% ao mês ou perto disso, ele estará satisfeito.”
Os especialistas dizem que a principal vantagem em investir nesse título é saber exatamente a rentabilidade sobre o valor da aplicação. Eles explicam que o investidor que aplica em NTN-F acredita que a taxa oferecida será superior à Selic no final do contrato, sem olhar para a inflação do período. Portanto, analisar a curva de juros é importante na hora de decidir se vale a pena investir em NTN-F.
Veja também
- Como o Drex pode se tornar o ‘carro autônomo’ das suas finanças
- O preço do amanhã: quanto colocar no Tesouro Renda+ para receber R$ 5 mil por mês de aposentadoria extra
- Expectativa por dinheiro mais barato bomba o Ibovespa – e a renda fixa também
- O Renda+ na era do IPCA+6%: ganhos de até 1.800% acima da inflação
- Demanda por título público atrelado à inflação cai e dificulta gestão da dívida pelo Tesouro