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Finanças

Curva de juros: entenda em 4 pontos como ela mexe com seus investimentos

Analista explica como avaliar impactos da movimentação da curva de juros em aplicações de renda fixa e ações na bolsa.

Nas últimas semanas, o mercado tem sentido efeitos de movimentações na curva de juros. Temores com a inflação e incertezas internas acabaram elevando as taxas, mexendo com investimentos em renda fixa e também com a bolsa de valores

No começo do ano, a curva de juros apontava para 7,24% em prazo mais longo, janeiro de 2031. Agora, está em 9,45% com o mesmo vencimento. No curto prazo também houve elevação. Os juros para setembro estão em 5,01% agora, contra os 2,32% registrados em janeiro. Veja na figura abaixo:

Curva de juros: comparação entre o começo do ano e final de julho de 2021. (Fonte: Valor Pro)

Mas o que é a curva de juros e por que ela impacta o mercado? Veja abaixo 4 pontos para entender esse fenômeno. 

O que é curva de juros

“A curva de juros nada mais é do que uma representação gráfica das taxas de juros exigidas ou esperadas pelo mercado para determinados prazos no próprio mercado futuro”, explica Eduardo Perez, analista de investimentos da Easynvest by Nubank. 

Isso significa que, quanto mais alta a linha, mais remuneração o mercado está exigindo para investir no Brasil. Por essa razão, momentos de incertezas internas costumam elevar a curva. Além disso, quanto mais à direita está um ponto da linha no gráfico, maior o prazo a que ele se refere. 

“A curva de juros é uma das formas de a gente compreender como os investidores estão enxergando o risco de se investir no Brasil, considerando que, quanto maior o prazo, maior o risco e maior vai ser a taxa exigida”, comenta Perez. “Por isso que, naturalmente, as taxas menores ficam em prazos mais curtos e vai crescendo até a parte mais longa da curva, que é onde observamos taxas e prazos mais altos.”

O que está acontecendo com a curva de juros?

Nas últimas semanas, preocupações com a inflação ganharam força, alimentando projeções de que, para controlar a alta dos preços, o Banco Central deve acelerar a elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic. Isso porque, com juros mais altos, a tendência é que o consumo esfrie, diminuindo a pressão sobre os preços por meio da diminuição da demanda. 

Além disso, incertezas políticas e preocupações fiscais também vêm puxando a curva de juros, em um ambiente de cenário conturbado e expectativas de forte polarização nas eleições presidenciais do ano que vem. 

A curva de juros estressou nesta sexta-feira (30) como há muito tempo não fazia. Num dia de perdas generalizadas no Ibovespa e de alta do dólar, os juros seguiram em alta como reação aos ruídos fiscais”, comentou em relatório o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

“Há o receio de que o teto dos gastos seja definitivamente abandonado na tentativa de recompor renda via transferências do Bolsa Família. Investidores também ficaram incomodados com a deterioração da inflação de médio prazo e alguns se questionam se o IPCA de 2022 já não poderia estar sendo contaminado.”

Investimentos em renda fixa

Perez explica que a curva de juros “sempre vai influenciar os títulos com maior componente pré-fixado”. Ele cita como exemplo o título do Tesouro Direto que paga a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais um percentual pré-estabelecido, o chamado Tesouro IPCA+

“Essa porcentagem é o componente pré-fixado do título. Essa parte pré-fixada é que acaba sendo influenciada pela curva de juros”, explica Perez. 

O analista aponta que “o que talvez seja mais essencial para o investidor saber é que, quanto maior a taxa exigida no mercado, menor vai ser o preço do título em carteira.” 

“Tem essa proporção inversa entre taxa e título. Por isso que, quando a taxa exigida diminui, o preço que você vê na sua carteira de um título de renda fixa sobe”, diz o especialista ao investidor. 

Bolsa de valores

Um aumento da curva de juros geralmente impacta negativamente ações de empresas de setores que dependem de longos financiamentos. Por essa razão, ações de construtoras, por exemplo, tendem a cair em momentos de curva de juros subindo, já que o setor imobiliário depende de financiamento tanto para a construção quanto para aquisição dos produtos. 

Por outro lado, ações do setor financeiro tendem a sair ganhando, já que, com juros mais altos, os bancos podem se beneficiar de um aumento do spread (diferença entre a taxa pela qual o banco capta dinheiro e a que ele cobra dos clientes por empréstimos).

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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