Os títulos em dólar da Argentina registraram algumas das piores perdas nos mercados emergentes nesta quinta-feira (18). A queda colocou os papéis no caminho da maior derrocada semanal desde abril, à medida que a pressão sobre o governo do presidente Javier Milei continua a aumentar.

Os investidores esperavam que as eleições de meio de mandato no próximo mês aumentassem o apoio a Milei no Congresso, o que seria suficiente para impulsionar sua agenda de reformas econômicas.

Mas seus índices de desaprovação em ascensão, a contração da economia e uma série de reveses políticos — de escândalos de corrupção à resistência de parlamentares — os investidores começaram a se livrar dos ativos do país.

Os títulos ampliaram as perdas nesta quinta, após os parlamentares rejeitarem dois vetos de Milei a projetos de lei que aumentariam os gastos. Isso levantou as preocupações sobre sua capacidade de angariar apoio político antes da votação de 26 de outubro.

As notas com vencimento em 2035 caíram US$ 0,03, atingindo o menor valor em quase um ano, após cinco semanas consecutivas de perdas.

A liquidação também está afetando a moeda, forçando o banco central a intervir para sustentar o peso na quarta-feira (18), pela primeira vez desde que as bandas cambiais foram estabelecidas em abril. A autoridade monetária vendeu US$ 53 milhões, de acordo com relatório diário sobre reservas cambiais. O peso oficial era negociado a 1.474,5 por dólar no começo da tarde.

“O banco central nunca terá problemas em responder quando o limite superior da banda foi atingido”, disse o porta-voz de Milei, Manuel Adorni.

As faixas de negociação estabelecidas pelas autoridades argentinas em um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril aumentam gradualmente 1% ao mês em ambas as direções. O limite superior do peso nesta quinta-feira é 1.474,83 por dólar.

“A pressão cambial e o retrocesso legislativo aumentam a incerteza em torno do governo e os riscos de um vazamento de reservas”, infromou Juan Sola, analista da Banctrust & Co., em um relatório aos investidores.