Finanças
Veja as 10 melhores e piores ações de janeiro
Eletrobras despenca com privatização distante; NotreDame e Hapvida lideram altas de olho na fusão
Como diz a lei da gravidade “Tudo o que sobe tem que descer” e não foi diferente com o Ibovespa, que após ter um salto ininterrupto no intervalo de novembro até o começo de janeiro voltou a cair e fechou o mês no patamar de 115.079 pontos, com declínio de 3,3%.
O índice da B3 até chegou a superar os 125 mil pontos na primeira quinzena de janeiro, mas foram diversos os impactos a nível internacional e doméstico que fizeram a bolsa brasileira recuar, provocando estresse nos investidores. “Foi um mês bastante agitado”, afirma Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
Para ele foram dois os drivers que puxaram a alta do Ibovespa na primeira quinzena de janeiro. O principal propulsor foi o mercado monitorando a saída de Trump e a posse de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos, os investidores estavam na expectativa de que um pacote de estímulos financeiros de US$ 1,9 trilhão fosse aprovado.
O segundo driver foi o começo da vacinação contra a covid-19 em alguns países, o mercado esperava que este movimento fosse acelerado com o desenvolvimento de novas vacinas. O Ibovespa até chegou a renovar recordes e superou os 125 mil pontos em meio a esse otimismo.
Contudo, na segunda quinzena de janeiro a realidade veio à tona. Novas dúvidas sobre a aprovação do pacote de Biden surgiram e foram corroboradas nesta sexta-feira (29) com rumores de que o pacote de estímulos poderia ser dividido em duas partes.
A vacinação também foi mais lenta do que esperado, o Brasil enfrentou complicações com logística e fornecimento de matéria prima. A nível global, algumas nações voltaram a fazer lockdown enquanto São Paulo entrou novamente na fase vermelha. “É assim que o mercado se comporta, os investidores estavam há meses com a expectativa da vacina sair e a imunização começar. Essa valorização já tinha sido precificada e agora começam as realizações”, explica Matheus Lima, analista de investimento da Top Gain, startup de análise de mercado.
No cenário doméstico, o risco fiscal voltou aos holofotes gerando dúvidas sobre uma possível prorrogação do auxílio emergencial. O aumento da inflação também trouxe consigo a expectativa de reajuste na taxa de juros Selic, atualmente em 2%, após o Banco Central retirar o “forward guidance”, com o qual mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas.
Segundo Madruga, com os juros aumentando nos próximos meses o setor imobiliário já sentiu os impactos e recuou 6% em janeiro. Com forte peso no Ibovespa, setores como siderurgia, mineração e bancos realizaram ganhos e puxaram o índice para a queda.
Ainda nos últimos dias de janeiro, os investidores pessoa física decidiram bater de frente com os grandes fundos, com um movimento de short squeeze que gerou prejuízos bilionários. A prática, que é considerada pela CVM como manipulação de mercado, inflou ações da GameStop nos Estados Unidos. Movimento que também foi replicado no Brasil com as ações do IRB Brasil (IRBR3).
Entre loucura e reviravoltas, janeiro foi um mês repleto de fortes emoções. No entanto, Madruga defende que nada muda em relação as previsões otimistas para a bolsa brasileira em 2021.
Maiores altas
A maior alta de janeiro foi da NotreDame Intermédica (GNDI3) que fechou o mês com ganhos de 20,63%, seguida da Hapvida (HAPV3) que subiu 12,52%.
Madruga explica que o principal motivo de valorização destas companhias foi a notícia de que estão negociando uma fusão, que pode criar a segunda maior empresa do ramo no país, num negócio de cerca de R$ 100 bilhões.
Ele também destaca que estas duas empresas tiveram um desempenho interessante em 2020, em meio ao aumento de casos de coronavírus e a redução de custos nos hospitais. “A fusão é promissora para o setor, mas vai depender da geração de empregos no Brasil, porque além dos planos de saúde para pessoas físicas, temos empresas buscando auxílio saúde para seus funcionários”, avalia
Na terceira posição, a Weg (WEGE3) saltou 10,63%. Conhecido porto seguro dos investidores, a companhia reduziu seus ganhos durante o período de rotação de mercados, mas novamente foi fortemente beneficiada pela China, com quem recentemente fechou uma parceria de negócios.
Em janeiro, a Weg fechou um contrato com a OXE Energia em Roraima para fornecer quatro conjuntos de turbo-geradores. “As ações se beneficiaram e performaram bem com esta parceria e a valorização do dólar”, diz
Ainda entre os destaques positivos do mês, Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) saltaram 6% e 6,16%, respectivamente acompanhando a alta do dólar. Ajudou também na valorização das companhias o reajuste nos preços de celulose, muito demandada pela China.
Madruga explica que no final de 2020, a Suzano que é líder do mercado impôs um novo preço para a commoditie, acima das expectativas do mercado, sendo US$ 750 por tonelada de celulose na Europa e US$ 970 na América do Norte.
Veja as 10 maiores altas do mês de janeiro:
Ação | Alta |
NotreDame (GNDI3) | 20,63% |
Hapvida (HAPV3) | 12,52% |
Weg (WEGE3) | 10,63% |
B2W (BTOW3) | 8,87% |
Klabin (KLBN11) | 6,16% |
Suzano (SUZB3) | 6,00% |
Rumo (RAIL3) | 5,51% |
BR Distribuidora (BRDT3) | 5,11% |
Braskem (BRKM5) | 2,76% |
Cielo (CIEL3) | 2,75% |
Maiores quedas
Entre os destaques negativos, a maior queda foi da Eletrobras (ELET3;ELET6) que recuou 20,92% e 20,57% respectivamente. Matheus Lima, analista de investimento da Top Gain, explica que o principal motivo foi a renúncia do presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, no dia 24 de janeiro, o que provocou mais incertezas no mercado sobre a privatização da companhia. Ferreira está agora no comando da BR Distribuidora.
Segundo Lima, essa história da Eletrobras tentar não ser mais uma empresa estatal é longa e nunca se concretizou nos últimos anos. “A saída de Ferreira provocou desconfiança, não acredito que a privatização da Eletrobras ocorra em 2021, só se colocarem alguém na diretoria capaz de acelerar o processo”, aponta Lima.
As ações da Eletrobras que iniciaram o mês de janeiro no patamar dos R$ 37 encerram o período cotadas aproximadamente a R$ 28.
Ainda entre as principais quedas EZTEC (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) desvalorizaram 14,50% e 13,06%, respectivamente. Segundo Lima, a decisão do Banco Central de retirar a política de forward guidance e um possível aumento da taxa de juros nos próximos meses impacta diretamente no setor de construção civil, isso porque dificulta o acesso ao crédito e empréstimos.
“O setor imobiliário é impulsionado pelos bancos. Uma obra, a compra de uma casa precisam de financiamento e com juros altos a procura é menor”, explica.
Confira as 10 maiores quedas de janeiro: