Sebastian Piñera, ex-presidente bilionário do Chile, morre aos 74 anos

Sebastian Pinera, o bilionário que tirou a direita política do Chile da sombra do ex-ditador Augusto Pinochet para ganhar dois mandatos separados como presidente do país, morreu num acidente de helicóptero no sul do país. Ele tinha 74 anos.

O helicóptero caiu em um lago na Região de Los Lagos, disse a ministra do Interior, Carolina Toha, em entrevista coletiva. Três pessoas ficaram feridas e conseguiram nadar até a costa, enquanto Piñera ficou preso nos destroços. Seu corpo foi posteriormente recuperado pelos serviços de resgate.

“Lembraremos a maneira como ele deu e dedicou sua vida ao serviço público”, disse Toha. “O presidente Boric instruiu que um funeral de estado fosse realizado.”

Trajetória política

Piñera tornou-se presidente em 2010 e novamente em 2018, supervisionando dois períodos de crescimento. Mas o segundo foi ofuscado pela pior agitação social numa geração que paralisou grande parte do país

Uma chave para o sucesso político inicial de Piñera foi distanciar sua coligação de direita da ditadura de 17 anos de Pinochet, que terminou em 1990, permitindo-lhe destituir os partidos de centro-esquerda que dominaram o país durante 20 anos.

Um dos poucos da direita que votou contra Pinochet num plebiscito de 1988, Piñera ajudou a moldar uma nova ala direita que se concentrava mais no liberalismo económico do que no conservadorismo e autoritarismo católico.

O crescimento econômico foi de média de 5,4% durante o seu primeiro mandato, quando o país foi inundado com receitas provenientes do aumento dos preços do cobre. Seu segundo mandato foi menos bem sucedido, com uma expansão média de 3%. O país foi convulsionado por protestos de rua no final de 2019, que só terminaram com a chegada da pandemia de covid-19.

Império empresarial

Nascido em 1º de dezembro de 1949, em Santiago, Pinera frequentou a Universidade Católica do Chile, estudou economia na Universidade de Harvard e depois retornou ao Chile para lecionar em uma universidade.

Nas décadas seguintes, ele se tornou um bilionário. Ao mesmo tempo, ele possuía 27% da companhia aérea LAN Chile – hoje Latam Airlines – além de 90% da estação de televisão Chilevision e 13% do clube de futebol Colo Colo. Ele vendeu essas participações antes da campanha presidencial de 2009.

Quando assumiu o cargo pela segunda vez em 2018, a maior parte da riqueza da sua família estava em fundos cegos.

Mesmo assim, sua carreira empresarial foi marcada por diversas polêmicas. Em 1982, enquanto era presidente-executivo do Banco de Talca, foi acusado de violar as leis bancárias do país e desapareceu durante 24 dias. A Suprema Corte posteriormente o absolveu das acusações. Em 2007, Piñera foi multado em US$ 700 mil por abuso de informação privilegiada. Ele não recorreu.

Pinera deixa sua esposa, Cecilia Morel, e quatro filhos.