Atualmente, 30% do faturamento da Prosus vêm da América Latina. Deste total, 70% saem do Brasil.
A empresa terá seus papéis listados na B3 a partir de segunda-feira (27). Eles vão refletir a cotação das ações da empresa na bolsa de Amsterdã.
Além de Europa e América Latina, a Prosus também opera na Índia. A receita foi de US$ 6,2 bilhões no ano fiscal de 2025, crescimento de 21% sobre 2024.
O CEO da Prosus na América Latina, Diego Barreto, afirmou que a opção pelos BDRs, em vez da listagem direta das empresas do portfólio, surgiu para atender a demanda de investidores que têm restrição para alocação de capital em empresas internacionais ou que já estão no limite de suas alocações.
“Não vamos abrir capital das empresas da Prosus porque não existe demanda”, disse Barreto, citando o recente fechamento de capital da agência de viagens Despegar, dona da Decolar.
“A Prosus é uma empresa com bastante capacidade de investimento e temos visão clara de focar em crescimento”, afirmou o executivo, citando um processo de IPO também como um fator de distração que poderia consumir muito tempo das equipes.
Barreto disse que a Prosus segue focada em crescimento orgânico de seus ativos, embora tenha admitido que no caso do iFood há interesse muito grande no setor de vale alimentação e refeição. “M&A é uma possibilidade”. Porém, quando questionado sobre um possível interesse na Alelo, como foi noticiado pela mídia em meados do ano, ele afirmou que não comentaria essa discussão.
Banco do iFood?
Já sobre a ampliação dos serviços financeiros do iFood mediante pedidos de licenças adicionais ao Banco Central, o executivo comentou que o foco segue principalmente no atendimento das demandas dos restaurantes, algo que pode evoluir para mais ofertas aos usuários finais.
Atualmente, o iFood já tem licenças para ofertas de contas digitais e empréstimos. “O desembolso mensal é de R$150 milhões a um prazo de 18 meses”, disse Barreto. “O foco não é competir com bancos, mas ser uma ótima opção bancária dentro do meu ecossistema”, acrescentou o executivo.
Barreto afirmou que a Prosus tem recursos próprios para seguir investindo em tecnologia e que um dos centros de atenção é a inteligência artificial e sua integração nos diferentes ativos dos grupos e suas regiões de atuação.
Segundo ele, a companhia criou um modelo com informações de hábitos de consumo com 32 bilhões de parâmetros, com uma primeira versão focada no iFood sendo lançada há cerca de duas semanas.
“Isso permite entender melhor os usuários. É um investimento muito relevante. Estamos há um ano e meio treinando esse modelo”, disse o executivo, citando que a Prosus vai começar a levar esse modelo para as outras empresas do grupo na América Latina nos próximos 12 meses. “Hoje temos 10 trilhões de tokens (unidades) de dados”, afirmou.
Para o líder de investimentos da Prosus para América Latina, Henrique Iwamoto, o iFood está em uma fase em que a empresa busca uma terceira onda de sinergias e integrações com as outras empresas da Prosus na região.
“Já identificamos até oito avenidas em que estamos trabalhando uma ordem de 20 a 40 experimentos e testes”, afirmou Iwamoto, citando como exemplo usar o ativo com a maior frequência de utilização como porta de entrada para outros. “Como faço para esses ativos digitais estarem conectados com uma conta única e reduzo a fricção? Como eu uso uma empresa como atributo de diferenciação para outra?”, disse comentando os testes.
Além do iFood e da Despegar, a Prosus controla as plataformas de classificados OLX e de ingressos para eventos Sympla.
“Assumimos há três meses a Despegar e esses testes já são 4% da receita”, disse Iwamoto citando parceria da empresa com o programa de fidelidade de clientes do iFood, o Clube iFood.