A T. Rowe Price Group afirma agora preferir, como operação tática, títulos de mercados emergentes denominados em dólar em vez dos emitidos em moeda local. Já o Barclays está recomendando a seus clientes que evitem “vender o dólar a descoberto” – operação chamada de “short”, que ganha na queda do ativo – em relação às moedas asiáticas.
Na mesma linha, a Fidelity International diz que a perspectiva de juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos torna menos atraente pegar dólares emprestados para financiar o “carry trade” – operações que consistem em pegar empréstimo em uma moeda de um país com juros mais baixos e aplicar em outra que ofereça retorno maior.
Gestores de fundos e analistas estão reavaliando a estratégia de “vender o dólar”, já que o “renascimento” da divisa reduziu parte do otimismo em relação aos ativos de países em desenvolvimento.
As apostas de que o dólar continuaria a cair impulsionaram o índice de ações de mercados emergentes ao maior nível em mais de três anos no mês passado, e um indicador semelhante de moedas registrou o sexto ganho mensal consecutivo em junho.
“Por ora, estou mais exposto a títulos de mercados emergentes denominados em dólar, devido aos cupons atraentes”, disse Leonard Kwan, gestor de fundos da T. Rowe Price em Hong Kong. Segundo ele, é provável que o dólar passe “de três a seis meses em consolidação”, o que deve dificultar o retorno dos títulos em moeda local.
Os títulos emergentes em dólar superaram amplamente seus equivalentes em moeda local no mês passado: um índice Bloomberg para esses papéis rendeu 0,9%, enquanto o medidor de dívida em moeda local caiu na mesma proporção.
Tendência semelhante ocorreu nas moedas. O índice à vista do dólar da Bloomberg subiu 2,7% em julho, interrompendo uma sequência de seis quedas mensais, enquanto o índice de moedas de mercados emergentes da provedora MSCI recuou 1,2%.
Na sexta-feira (1º), o dólar caiu frente a outras divisas, após dados fracos de emprego nos EUA levarem operadores de mercado a aumentar apostas de que o Federal Reserve cortará juros já no próximo mês. Ainda assim, o índice da moeda (o DXY) acumulou ganho semanal de 1%, o melhor desempenho desde novembro.
“Continuamos relutantes em adotar posições contra o dólar em relação às moedas asiáticas”, escreveram estrategistas do Barclays liderados por Lemon Zhang em nota de 24 de julho. “Em vez disso, recomendamos posição comprada no dólar contra algumas moedas com baixo retorno da região cujas avaliações parecem excessivas e apresentam riscos idiossincráticos.” Entre os exemplos estão o baht tailandês e o dólar de Hong Kong.
Segundo a Fidelity, investidores que usam o dólar como moeda de financiamento para “carry trade” talvez queiram buscar alternativas. “Considerando que as taxas de juros em dólar podem permanecer relativamente mais altas por algum tempo, vale a pena avaliar moedas que ofereçam menor custo, mantendo perfil de risco semelhante”, afirmou Lei Zhu, chefe de renda fixa asiática da Fidelity em Hong Kong.
As opções incluem tomar empréstimo em dólar de Hong Kong, que apresenta taxas de curto prazo mais baixas que as do dólar americano, ou mesmo em yuan. Enquanto isso, a retomada do dólar em julho barateia a proteção cambial para fundos asiáticos que detêm ativos denominados na moeda americana.
O custo agregado do chamado “hedge” (proteção) para fundos em moeda local caiu cinco pontos percentuais no mês passado, a primeira queda do ano, mostram dados compilados pela Bloomberg.