Os BDRs do Mercado Livre (MELI34, recibos lastreados nas ações em Nasdaq) têm leve queda de 0,4%, a R$ 111,80, após fecharem em alta de quase 1% no último pregão.
O movimento das varejistas farmacêuticas ocorre após o anúncio de que o Mercado Livre adquiriu sua primeira farmácia no Brasil: a Target, nome fantasia da Cuidamos Farma Ltda., localizada no Jabaquara, zona sul de São Paulo. A compra foi feita por meio da subsidiária K2I Intermediação e o negócio já foi submetido ao Cade.
A decisão do Mercado Livre parece “curiosa” em um primeiro momento, notam os analistas do Itaú BBA em relatório, já que a empresa manifestou recentemente seu desinteresse pela indústria farmacêutica. “Isso torna a mudança ainda mais atraente”, escreve o banco. “Após anos de estudo e monitoramento do setor, parece evidente que a MELI já tem um plano para tentar alcançar escala e relevância.”
Apesar de ver a jogada como positiva, o caminho para a companhia ainda é longo e exigirá muito capital. Para o banco, a empreitada “está longe de ser trivial”, sobretudo considerando os desafios anteriores na expansão de categorias 1P (em que o próprio varejista vende diretamente ao cliente), como eletrônicos e, mais recentemente, alimentos.
O Itaú BBA endossa que a chegada de um participante de grande porte é negativo para as demais redes de farmácias, sobretudo no segmento de medicamentos sem prescrição (OTC, na sigla em inglês). Redes maiores como Raia Drogasil, Panvel e Pague Menos até têm mais condições de resistir, embora a competição fique maior, enquanto outras varejistas menores devem sofrer mais pressão. A recomendação do banco para as ações do Mercado Livre é de compra.
Em relatório recente, o Bank of America (BofA) também destaca a recomendação de compra para o papel, mesmo após revisar para baixo as projeções de lucro por ação em função de novos investimentos anunciados recentemente pela empresa. Para o banco, a diversificação de categorias, como a entrada em medicamentos, reforça a estratégia de aumentar frequência de compra, otimizar logística e ampliar oportunidades de monetização, como em publicidade.