O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suspendeu o julgamento da fusão de BRF e Marfrig. A expectativa era de que a união das companhias ganhasse o aval do regulador na sessão de hoje, mas a análise foi suspensa e não há uma nova data para avaliação.

Apesar da suspensão, o conselho formou maioria para aprovação da combinação das empresas. O único voto não dado é do conselheiro Carlos Jacques, que pediu vista do processo.

Os conselheiros Victor Fernandes, Diogo Thomson, Camila Cabral Pires e José levi aprovaram a operação sem analisar a participação do fundo saudita, Salic, que é acionista tanto da BRF quanto da Minerva Foods, concorrente direta da Marfrig.

A participação do fundo é ponto nevrálgico da análise da fusão. A Minerva e o fundo Nova Almeida, gerido pela Latache Capital, questionaram a operação no Cade. A Minerva alega que há risco de influência relevante do fundo saudita em empresas que concorrem entre si.

Para o fundo Novo Almeida, a operação, nos moldes atuais, “tende a criar condições que restringem a entrada e dificultam a expansão de concorrentes, ao mesmo tempo em que reforça barreiras estruturais já existentes e elimina contrapesos relevantes de governança societária.”

Antes da sessão desta quarta-feira, o presidente interino do órgão, Gustavo Augusto, havia proposto converter o rito sumário em ordinário, o que exigiria revisão do caso com prazos maiores até o julgamento pelo tribunal. Para isso, o presidente chamado abriu um circuito, uma espécie de julgamento virtual, em que foi para a votação a conversão do rito de sumário para ordinário.

Mas a proposta foi derrotada no plenário virtual e Augusto optou por tirar o item da pauta e levá-lo ao julgamento presencial, ocorrido nesta quarta. O motivo do revés teria sido a pressão de acionistas e da concorrente Minerva teriam gerado desconforto entre os conselheiros, que questionaram os procedimentos adotados por Augusto, segundo reportagem de 14 de agosto da coluna Painel S.A. da Folha de S. Paulo.

Na sessão, Augusto também votou pela aprovação da fusão, mas impedindo que o Salic exerça direitos políticos.